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Seminário do século 19 na Luz será reformado

Convênio entre Estado e Igreja garante R$ 2,2 mi para obra, que começa em 15 dias

Por Vitor Hugo Brandalise
Atualização:

Degradado há duas décadas, o antigo Seminário Episcopal da Luz, no centro, será restaurado com dinheiro do governo do Estado. Um convênio entre a Casa Civil e a Arquidiocese de São Paulo garantiu R$ 2,2 milhões para as obras, que devem começar em um prazo de 15 dias. Atualmente, a fachada está ruindo e "puxadinhos" irregulares ocupam o pátio interno do imóvel, construído entre 1853 e 1856.O projeto de "restauro e recuperação", aprovado pelos órgãos de proteção ao patrimônio do Estado e do Município (Condephaat e Conpresp, respectivamente), prevê demolição das estruturas ilegais do pátio - construídas para provadores e depósitos das lojas de vestidos de noivas que ocupam o térreo - e restauro das fachadas do seminário. A obra toda está orçada em R$ 7,9 milhões e a previsão é de término em setembro de 2012.O restante dos recursos deve ser financiado por meio do Programa Monumenta, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que também selecionou o restauro entre as propostas beneficiadas. Com esse projeto, o edifício tombado pelo Estado em 1982 terá uso misto: o térreo continuará sendo utilizado pelas sete lojas de vestidos de noiva que estão no local desde a década de 1980 e o pátio interno será utilizado para eventos da paróquia vizinha, a Igreja de São Cristóvão. Algumas salas do andar superior também serão destinadas à igreja, para instalação de pastorais.Desde que a Arquidiocese desativou e locou o seminário - o primeiro adequado às leis da Igreja na capital, localizado na Avenida Tiradentes, na frente da Pinacoteca do Estado -, o imóvel sofre com sucessivas reformas irregulares. Hoje, o edifício de 155 anos mistura paredes de taipa de pilão - prensagem de barro entre madeira - com outras de cimento e tijolos comuns. Há variações de cores nas fachadas e detalhes de porcelana foram colocados sem autorização dos órgãos de proteção da Prefeitura e do Estado. Nos fundos do prédio, há pontos em que as paredes estão ruindo, afetadas por umidade. Segundo a Arquidiocese, os defeitos serão corrigidos.Espaços irregulares. Os grandes afetados com a reforma serão os lojistas que hoje utilizam as estruturas irregulares construídas no pátio. Ainda assim, procurados pelo Estado, afirmaram que apoiam a reforma e vão adaptar-se às modificações. "As lojas, mesmo que sintam dificuldades no início por perderem espaço, terão de se adequar, por mais difícil que seja, e diminuir o espaço que hoje usam", disse Paulo Fuentes, representante de duas lojas no local. Além de provadores, o interior abriga oficinas de costura, espaços para lavar roupas e escritórios das lojas - a Prefeitura descobriu as "ocupações irregulares" em 2008, juntamente com as intervenções "descaracterizadoras da fachada". A partir daí, passou a "recomendar" à Arquidiocese que reformasse o espaço. "O prédio está se deteriorando e, com a reforma, as lojas também saem ganhando, por ficarem em um local mais bonito. O mais interessante é resolver de vez um problema que se discute há anos", disse Fuentes.As obras ficarão a cargo das empresas Concrejato e Formarte e serão acompanhadas pela Unidade de Proteção ao Patrimônio Histórico da Secretaria de Estado da Cultura, que intermediou o convênio.O SEMINÁRIO DA LUZ POR DENTROO Seminário da Luz foi o primeiro centro de formação de padres adaptado às leis canônicas. Foi inaugurado em 1856, após três anos de construção. A aquisição das terras foi feita com "esmolas de fiéis" e dinheiro da Corte. Em 1915, a área começou a ser loteada, com a destruição dos jardins que ficavam em um terreno vizinho. A desativação do espaço ocorreu em 1927. Em 2003, a Arquidiocese de São Paulo apresentou um primeiro projeto de restauro à Prefeitura.

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