08 de dezembro de 2013 | 02h02
"Eu ouvi dizer que fizeram dois galpões em Sorocaba e vão deixar a gente preso por dois meses lá, até o fim dos jogos", diz José Dias, de 40 anos, atualmente morador da tenda do Parque Dom Pedro II. Há oito anos na rua, desde que se separou da mulher, afirma não ficar em um albergue por causa dos horários rígidos. "Trabalho à noite, montando palcos em eventos, e não consigo vaga."
Para Robson Ferreira, de 22 anos, a Prefeitura só os encaminhou para a tenda do centro para tirá-los da vista dos turistas. "Quando acabar a Copa, vão mandar a gente sair daqui e voltar para a rua", diz Ferreira, que vive de fazer malabarismo na região central.
Além da Praça da Sé, o prefeito Fernando Haddad (PT) ordenou a retirada de barracas de outros locais. "Basicamente, Praça da Sé, República, Largo de São Francisco, Julio Prestes, Praça Ramos, todos esses locais foram sendo retomados com a presença mais ostensiva de servidores públicos, da Guarda Civil, para que as pessoas possam usufruir", disse o prefeito no dia 29 do mês passado.
Para o coordenador do Movimento Nacional dos Moradores de Rua, Anderson Miranda, a Prefeitura precisa melhorar a oferta de moradia, antes de retirar a população da rua. "A gente tentou manter um diálogo com a gestão e essa política de novo não está sendo cumprida. Não podemos mais ter albergue com 600 pessoas. Parece campo de concentração", diz.
Albergue. Douglas Renato Silva, de 22 anos, afirma que quer ficar longe dos albergues. "Está vendo essas cicatrizes aqui no meu peito", diz, mostrando várias marcas. "É tudo resultado de briga em albergue." / A.R.
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