Sem-teto prometem resistir à reintegração em Campinas

Segundo informações policiais, desocupação do terreno deve começar por volta das 6 horas

PUBLICIDADE

Por Ricardo Valota
Atualização:

Está prevista para as 6 horas desta sexta-feira, 11, o cumprimento de uma reintegração de posse em um terreno de 120 mil m² localizado na Avenida das Amoreiras, no Jardim Petrópolis, em Campinas, a 100 quilômetros da capital paulista. O grupo de Sem-teto promete resistir.   O local foi invadido no último dia 28 por centenas de famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) do Estado. A ocupação foi batizada de "Frei Tito". Segundo a coordenação do movimento, estão cadastradas nesta invasão cerca de 1.200 famílias, mas nem todas permanecem 24 horas por dia no terreno. Segundo os invasores, o local pertence a oito pessoas.   Os sem-teto prometem resistir à invasão, o que aumenta o risco de confronto entre as partes. "Nós exigimos um posicionamento da Prefeitura e também um convênio deles com a Caixa Econômica Federal e a CDHU. Nós não temos para onde ir se formos retirados daqui. Queremos pelo menos que a Prefeitura arranje um local provisório para ficarmos", disse Natália Zermeta, uma das coordenadoras das famílias de sem-teto.   Segundo nota distribuída à imprensa, "o movimento vai lutar para que nenhuma mãe ou pai de família, nenhuma criança fique na rua. O MTST resistirá de diversas maneiras a negligência da prefeitura de Campinas em atender às famílias e à tentativa de expulsar os sem-teto da região e calar a voz do povo. Estamos lutando por nada mais que um direito constitucional: moradia digna".   Ainda segundo Natália, os donos do terreno possuem uma dívida de R$ 2,5 milhões com a Prefeitura. Cinco integrantes do movimento estão acorrentados, em forma de protesto, desde terça-feira, dia 8, em frente ao Paço Municipal. Junto com os acorrentados há mais de 300 famílias que se revezam e lá permanecem acampadas.   O prazo judicial para os sem-teto deixarem o terreno, de 70 hectares, venceu no último dia 07, segundo informou a Prefeitura e a Polícia Militar. Policiais militares do 47º Batalhão de Policiamento do Interior(BPM/I) se reunirão por volta das 5 horas na sede do batalhão, na Vila Teixeira, para ajustarem os detalhes sobre a operação da PM.   No dia 28, as famílias do MTST ocuparam simultaneamente outras duas áreas, nas cidades de Mauá e Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, sob a alegação de que os terrenos "são latifúndios urbanos que estavam ociosos, sem cumprir sua função social, enquanto milhares de famílias sem-teto não têm assegurado seu direito à moradia digna", segundo o movimento.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.