Sem que o metrô esteja no projeto, é tudo impossível

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Por Análise: Fernando Macdowell
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Não há alternativa para o transporte no centro da cidade do Rio de Janeiro que exclua o metrô. A prefeitura quer agora retirar o viaduto da Perimetral, por onde passam 174 mil veículos por dia. E pretende fechar a Avenida Rio Branco, no centro, por onde trafegam mais de 40 mil carros diariamente. Seria interessante se dissessem onde vão colocar todos esses carros. Tudo isso até poderia ser feito, se o metrô do Rio não estivesse com a capacidade reduzida em quase 50%. O intervalo entre os trens passou de quatro minutos para seis. Quando fizemos o metrô, construímos sete estações no Centro. Isso criaria a oportunidade para que a área fosse trabalhada, como fizemos na época - a Cinelândia virou rua de pedestre. A Linha 1 foi projetada para chegar a 90 segundos de intervalo. A Linha 2, até 100 segundos. Se a capacidade fosse ampliada - e o intervalo de 4 minutos baixasse para 2 minutos e 20 -, e com a conclusão do trecho Estácio-Carioca-Praça XV, que era a expansão natural do metrô, você poderia fazer o que quisesse no centro. Até fechar a Rio Branco. Agora, sem que o metrô esteja no projeto de reforma, tudo isso é impossível. Hoje, não tem a menor condição de tirar carro nenhum da Avenida Rio Branco. Não tem como inverter mão, não tem por onde desviar carros. E o metrô não tem como assumir a demanda. Não satisfeito em fechar a Rio Branco, o prefeito diz que o Elevado da Perimetral vai pelos ares. A Perimetral é acesso da Ponte Rio-Niterói. Não fizeram o trecho Estácio-Carioca-Praça XV e não fizeram a Linha 3 (Rio-Niterói). Por onde vão passar 174 mil carros? É preciso largar as vaidades de lado e voltar aos projetos originais do metrô. É preciso que se tenha visão sistêmica dos problemas ou o trânsito no Rio vai virar um caos. É DOUTOR EM ENGENHARIA DE TRANSPORTE E EX-DIRETOR DE PLANEJAMENTO E PROJETOS DO METRÔ DO RIO

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