Sem equipamento, Estados têm de dividir exames

Perícia de Sergipe, por exemplo, virou ''sucursal'' da baiana; no Maranhão, corpos são guardados em velhas geladeiras comuns

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Por Vannildo Mendes
Atualização:

Pior do ranking nacional elaborado pelo Estado, a perícia criminal de Sergipe virou uma "sucursal" da Bahia, onde realiza a maior parte dos exames mediante convênio. Muitas dessas análises enfrentam uma arrastada lista de espera, uma vez que a Bahia atende vários outros Estados. E não se trata de um caso isolado. Sergipe respondeu "não" a todos os quesitos apresentados pela reportagem. No Estado, as poucas câmaras frias existentes são antigas e vivem quebrando. Adquirido em 1990, o microcomparador balístico está inutilizado. A maleta de perícia sergipana não tem notebook nem GPS, a câmera fotográfica é analógica e a trena, manual. Em vez de luz forense multiespectral, a polícia usa nas análises uma precária luz ultravioleta. "Infelizmente, até esta lâmpada está queimada", lamentou o coordenador de perícias do Estado, Adelino Costa Lisboa. Todos os demais itens estão em falta.Um dos piores Estados do Norte, Roraima não tem laboratório de DNA, nunca teve cromatógrafos gasosos, a luz forense está em falta há dois anos e desde maio de 2010 não há reagentes químicos nem luminol. Os exames são improvisados com material emprestado por outros órgãos ou pela iniciativa privada. Rondônia melhorou de posição e está implementando seu Instituto de DNA Criminal. Enquanto ele não vem, os exames são feitos em Manaus.Pernambuco, apesar de sua importância regional, ainda não tem exame de DNA e as poucas maletas de perícia que possui não dispõem de notebook digital. O Piauí não tem laboratório de DNA nem câmaras frias no IML, cromatógrafos ou luz forense. Mas é generoso para compartilhar o raro microcomparador balístico com Estados ainda mais desfalcados, como Maranhão e Ceará.Santa Catarina, que já foi o pior Estado do Sul, deu um salto desde 2005 com a criação do Instituto Geral de Perícias. Mas ainda não tem luz forense e precisa de reforços em alguns itens. Câmaras frias. O Rio Grande do Norte vive uma situação ambígua: tem laboratório de DNA, mas faltam técnicos para operá-lo. A câmara fria tem mais de 30 anos de uso e dá pane frequente, ocasião em que líquidos escorrem dos corpos de defuntos. Outro Estado sucateado, o Maranhão precisa resolver o crônico problema da conservação de corpos, feita em velhas geladeiras comuns. Já em Alagoas não há cromatógrafos nem luz forense e as geladeiras do IML vivem dando problema. Minas Gerais, apesar da expressão geográfica e econômica, também registra deficiências: não tem notebooks nas maletas nem câmaras frias. No laboratório de DNA existem apenas freezers para custódia de amostras.

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