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Segurança é preso após decapitar moradores de rua em Mogi e Poá

Criminoso confessou ter assassinado vítimas em nome de "seita satânica"; preso disse ter pacto para matar 31 pessoas

Por Felipe Resk e Rafael Italiani
Atualização:

O segurança Jonathan Lopes de Santana, de 23 anos, foi preso e confessou crimes Foto: Daniel Carvalho/Mogi News

Atualizada às 20h13

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SÃO PAULO - Um segurança de 23 anos foi preso nesta quarta-feira, 3, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, acusado de assassinar seis pessoas – quatro delas foram decapitadas na cidade e no município vizinho de Poá. Jonathan Lopes de Santana foi detido em casa pela Polícia Militar, confessou os crimes e disse que foi motivado por “um pacto com o diabo” para matar 31 moradores de rua. 

Segundo o delegado seccional de Mogi das Cruzes, Marcos Batalha, o segurança afirmou em depoimento que as vítimas “não se integravam com o sistema, já que não pagavam impostos”. Ainda de acordo com Batalha, o criminoso também afirmou que se inspirava no grupo extremista Estado Islâmico e assistia vídeos na internet em que os fundamentalistas decapitavam os reféns. 

Das seis vítimas de Santana, quatro morreram em um intervalo de pouco mais de dez horas, entre a noite desta terça e a manhã de quarta. O primeiro dos ataques em sequência do segurança aconteceu por volta das 20h30, na cidade de Poá.

A vítima, Kelly Caldeira da Silva, de 24 anos, foi morta próxima dos trilhos da Linha 11-Coral da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que passa pela cidade. À Polícia Civil, Santana afirmou que Kelly era uma moradora de rua e estava fumando um cachimbo de crack quando foi atacada e decapitada. 

As outras três vítimas foram mortas na manhã seguinte. Desta vez, na cidade de Mogi das Cruzes, onde o assassino morava. O morador de rua Carlos César de Araújo, de 34 anos, sofreu o primeiro ataque e foi decapitado na Avenida Francisco Rodrigues Filho, por volta das 6h20.

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Ainda segundo a polícia, cerca de 15 minutos depois Maria Aparecida do Nascimento, de 46 anos, foi surpreendida enquanto fazia uma caminhada na Avenida Antônio de Almeida. Em seguida, Maria do Rosário Coentro Amaral, de 59, que estava a caminho do trabalho, foi atacada na Avenida Francisco Rodrigues Filho. As duas também tiveram as cabeças arrancadas. “Elas não eram moradoras de rua, mas o assassino pensou que sim”, afirma o delegado Marcos Batalha.

“As pessoas foram atacadas quando estavam dormindo ou distraídas”, disse Batalha. Segundo ele, as vítimas não eram escolhidas pelo assassino premeditadamente. “Ele dava voltas na cidade, de carro, em regiões frequentadas por muitos moradores de rua”, explicou o delegado. 

Golpes. “Santana dava um golpe na cabeça com a machadinha e, com a vítima inconsciente, degolava com uma faca”, afirmou o delegado seccional de Mogi das Cruzes. Para a tenente Christiane Chenk, que atendeu a ocorrência e prendeu Santana, o criminoso pode ter sofrido um surto. “Ele não teve nem a preocupação de ocultar os cadáveres”, disse. 

A oficial explicou que ele foi preso dentro de casa, onde morava com os pais e o irmão mais novo, depois que a PM recebeu uma denúncia. Uma testemunha relatou ter visto o criminoso decapitar uma vítima. 

Com a placa do veículo do criminoso, um Chevrolet Astra, a Polícia Militar levantou o endereço do segurança. No local, os PMs encontraram facas e uma machadinha, que já haviam sido lavadas. 

As roupas usadas no crime e o carro ainda estavam sujos de sangue. Aos policiais militares, os familiares afirmaram que não sabiam das ações de Santana. “A família disse que ele não tinha nenhum tipo de distúrbio, mas que nos últimos meses tinha se tornado agressivo”, afirma a tenente Christiane. 

O acusado por homicídio qualificado tem o desenho de uma machadinha riscada à faca no braço esquerdo. Ele não tinha passagens pela polícia. 

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Outros crimes. Batalha disse que Santana confessou ser responsável por outros dois ataques que terminaram com duas mortes. Uma terceira pessoa está internada em estado grave. Há suspeita da participação dele em outras assassinatos. 

Na sexta-feira, a faxineira Flavia Aparecida de Paula Honório, de 38 anos, foi encontrada degolada em um terreno baldio no bairro Brás Cubas, em Mogi. Ela foi encontrada degolada em um terreno baldio. Santana disse que ela seria moradora de rua. Na segunda, o segurança atacou dois moradores de rua ateando fogo neles. Uma das vítimas, que não teve a identidade descoberta, ficou com o corpo carbonizado.

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Até as 20 horas desta quarta, Santana não tinha advogado. A reportagem também não localizou parentes do segurança. 

Quem são as vítimas fatais: 
- Flávia Aparecida de Paula Honório, de 38 anos, possível moradora de rua. Morta em Mogi das Cruzes na última sexta-feira, 28.
- Morador de rua ainda não identificado. Teve o corpo carbonizado pelo assassino na segunda-feira, 1, em Mogi.
- Kelly Caldeira da Silva, de 24 anos, possível moradora de rua. Foi morta e decapitada em Poá, por volta das 20h30 da terça-feira, 2.
- Carlos César de Araújo, de 34 anos, morador de rua. Foi morto e decapitado em Mogi, por volta das 6h20 desta quarta-feira, 3.
- Maria Aparecida do Nascimento, de 46 anos, profissão não informada. Fazia uma caminhada quando foi morta e decapitada em Mogi, por volta das 6h35 desta quarta-feira, 3.
- Maria do Rosário Coentro Amaral, de 59 anos, profissão não informada. Estava indo para o trabalho quando foi morta e decapitada em Mogi, por volta das 6h50 desta quarta-feira, 3.

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