Secretário de Segurança: pedir desculpas foi 'erro'

Ferreira Pinto critica ida de PM à casa da família do publicitário; para especialista em luto da PUC, ato foi precipitado

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Por Redação
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O secretário de Segurança Pública do Estado, Antonio Ferreira Pinto, reprovou ontem a iniciativa de oficiais da Polícia Militar de pedir desculpas à família de Ricardo Prudente de Aquino, o publicitário morto por PMs no Alto de Pinheiros. Ferreira Pinto disse que o Estado lamenta o ocorrido, mas que pedir desculpas seria algo vazio. "Desculpa, acho que chega a ser ridículo, bisonho. A família fica até mais indignada, parece até uma certa insensibilidade. Na minha avaliação, foi um erro. Se eu tivesse sido consultado, diria que a gente deve respeitar a dor dos familiares." Na manhã da quinta-feira, o tenente da PM Gilberto Evangelista, do 23.º Batalhão - mesma unidade dos policiais que mataram o publicitário -, foi à casa da vítima pedir desculpas à família. Horas mais tarde, durante entrevista coletiva sobre o caso, o comandante interino da Polícia Militar, coronel Hudson Tabajara Camilli, também pediu desculpas publicamente à família de Aquino e à sociedade. Crítica. Para a coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), psicóloga Maria Helena Pereira Franco, a iniciativa do policial que esteve na casa do publicitário foi precipitada. "Eu não sei o que o levou a ir lá naquele momento e da maneira que fez, mas acho que ele poderia ter esperado um pouco mais", disse a especialista. "Eu não chamaria de desrespeito, mas toda família precisa de um tempo para absorver o que está acontecendo. Acho que nesse caso ele estava considerando mais a necessidade dele diante disso do que o estado dos familiares."Já no pedido público de desculpas de Camilli, segundo Maria Helena, houve uma distância "mais confortável para a família". "Eu não sei como os parentes estão lidando com essa perda, ou como estão entendendo isso, mas, dependendo do caso, o pedido de desculpas pode ser interpretado como ato de boa vontade, com intenção reparatória ou até como ato de invasão."A psicóloga não quis comentar as críticas de Ferreira Pinto. "Eu diria que ele está fazendo um julgamento de valor tendo em mente com o que está acostumado a lidar, o procedimento policial." / C.B.

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