Secretário de Governo de Haddad deixa cargo e fala em 'orquestração'

Em nota, Antonio Donato diz que reassumirá vaga de vereador para se 'defender de denúncias infundadas'; Haddad defende o ex-secretário em coletiva de imprensa e convoca Mauro Ricardo para prestar depoimento à controladoria geral do município

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Por e Artur Rodrigues
Atualização:

Atualizada às 19h05

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SÃO PAULO - O secretário de Governo da gestão Fernando Haddad (PT), Antonio Donato, confirmou seu pedido de afastamento do cargo, conforme o estadao.com.br antecipou no começo da tarde desta terça-feira, 12. Em nota, Donato afirma que retomará seu mandato de vereador na Câmara Municipal de São Paulo, "onde poderá, com a mais ampla liberdade, se defender de denúncias infundadas atribuídas à quadrilha de servidores municipais que fraudava o ISS". Ele é citado em gravações nas investigações de fraudes na Prefeitura de São Paulo. Um dos cotados para assumir a pasta é o atual secretário de Saúde, José de Fillipe Jr.

No texto, o secretário demissionário diz ter identificado "uma orquestração por parte dos servidores investigados para envolvê-lo de forma leviana e, assim, atrapalhar o curso das investigações". Ao comunicar o seu pedido de afastamento ao prefeito Fernando Haddad (PT), ainda segundo a nota, Donato citou o risco de "a quadrilha tentar atingir o governo do PT na cidade de São Paulo e prejudicar o andamento das investigações".

Em entrevista coletiva para anunciar o afastamento do secretário municipal de Governo, Haddad defendeu Antonio Donato. "O secretário Antonio Donato me pediu licença pra se afastar do governo e voltar para a Câmara para num ambiente mais propício exercer sua defesa", disse. "Desde o primeiro dia de governo o secretário Donato se comportou de maneira irretocável no que diz respeito a todos assuntos de governo, em especial esse (a investigação)", acrescentou.

Questionado sobre o prejuízo político, Haddad minimizou o estrago. "Eu olho para os ganhos éticos e morais que a cidade vai ter. Não posso impedir o curso das investigações em funções de outros episódios que podem afetar a vida política da cidade", disse.

Donato já prestou depoimento à CGM. Agora, será a vez do secretário de Finanças da gestão de Gilberto Kassab (PSD), Mauro Ricardo. A nota emitida pela Prefeitura afirma que Ricardo foi chamado para "prestar esclarecimentos no âmbito da Operação Necator sobre seu grau de conhecimento da atuação do grupo e a relação que ele mantinha com praticamente toda a estrutura de seu gabinete envolvida".

A saída de Donato vem sendo estudada desde o início da divulgação das gravações em que membros da quadrilha do ISS demonstram intimidade com o secretário. O Estado revelou no dia 3 de novembro que ele era citado em conversas entre os investigados. Além de pedir ajuda para o secretário, homem forte da gestão Haddad, um dos acusados conversa com sua companheira sobre supostas doações para a campanha de Donato a vereador em 2008.

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Veja nota na íntegra:

"O secretario do Governo, Antônio Donato, comunica que está pedindo afastamento do seu cargo na Prefeitura de São Paulo e reassumindo o mandato de vereador na Câmara Municipal, de onde poderá, com a mais ampla liberdade, se defender de denúncias infundadas atribuídas à quadrilha de servidores municipais que fraudava o ISS (Imposto Sobre Serviços) e que a administração do PT desmantelou por meio da Controladoria Geral do Município.

Donato reafirma que, desde o início da apuração, colaborou de forma direta com o trabalho conduzido pelo corregedor Mário Vinicius Spinelli, incluindo o cronograma de exonerações dos servidores investigados. Ressalta que a própria CGM, bandeira da campanha do PT, foi estruturada no âmbito da Secretaria de Governo até obter ela mesmo o status de secretaria, em abril passado.

Ao identificar uma orquestração por parte dos servidores investigados para envolvê-lo de forma leviana e, assim, atrapalhar o curso das investigações, o secretário comunicou no final da manhã de hoje ao prefeito Fernando Haddad o pedido de afastamento imediato -- inclusive para evitar o risco de a quadrilha tentar atingir o governo do PT na cidade de São Paulo e prejudicar o andamento das investigações.

Assessoria da Secretaria do Governo Municipal"

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