São Paulo teve ontem o dia com o ar mais poluído neste ano. Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), cinco das 17 estações de medição de qualidade do ar na Região Metropolitana registraram a classificação "má", enquanto outras sete foram classificadas como "inadequadas". Nenhuma conseguiu índice bom. O ozônio foi o grande vilão. Na capital, as piores áreas foram a Universidade de São Paulo (USP) e o Parque do Ibirapuera, onde os níveis do gás chegaram a 203 - o aceitável é até 101. A qualidade do ar também estava "má" em Santo André, São Caetano do Sul e Mauá - neste último, o ozônio chegou a 207. No interior, o destaque negativo foi São José dos Campos, onde o índice do poluente foi de 204.A alta concentração de ozônio contribui para o aumento dos problemas causados pelo ar seco - que ontem também registrou valores recordes no ano. O pico foi entre 14 e 16 horas: 13% de umidade relativa do ar, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O índice ficou apenas a um ponto porcentual do estado de emergência (12%), em que se recomenda a interrupção de atividades ao ar livre por causa de riscos à saúde. O nível considerado adequado é de 60%.No organismo a baixa umidade e o alto índice de ozônio se refletem em sintomas como tosse seca, coceira na garganta, cansaço e ardor nos olhos. "Os dois fenômenos têm efeitos bem parecidos e podem agravar a situação de quem já tem algum problema respiratório", disse a gerente de qualidade do ar da Cetesb, Maria Helena Martins.Secura. A queda na umidade do ar vem se acentuando desde sexta-feira, quando o índice foi de 23%. A sequência é bem maior do que em 2009, ano em que houve recorde histórico de secura (10%). Mas, naquele ano, apenas três dias ficaram com umidade abaixo de 30% - nunca em sequência como agora. Desde 5 de agosto não chove em São Paulo. Até ontem, o volume de chuva foi de 0,6 mm - 1,5% da chuva prevista para agosto (39 mm). O ar seco também colocou em alerta cinco cidades do interior - José Bonifácio, Pradópolis, Rancharia, Valparaíso e Votuporanga. Meteorologistas preveem que o tempo deve continuar seco no Estado pelo menos até o início da semana que vem. Para Maria Helena, da Cetesb, os altos índices de ozônio e a baixa umidade do ar têm origem no mesmo fenômeno climático. "Uma grande massa de ar seco, quente e estável está atuando sobre a cidade. Como não venta e não chove, os poluentes estão se dispersando pouco, e, paralelamente, a alta insolação acelera a produção do ozônio. No ano, este foi o pior dia", explica. Como o gás é formado principalmente pelos motores de veículos - em especial os mais pesados e movidos a diesel -, Maria Helena recomenda que os paulistanos evitem o uso de carros e utilizem transporte público ou carona.