São Paulo está repleta de estátuas de 'famosos anônimos'

Muitos monumentos têm apenas o nome (quando têm) do homenageando, sem explicar motivo da obra

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Por Edison Veiga
Atualização:

SÃO PAULO - Em São Paulo, também não faltam estátuas e bustos cujos homenageados são "famosos anônimos". Um exemplo: faz ideia de qual é a figura imponente na Praça do Ciclista, no cruzamento da Avenida Paulista com Rua da Consolação? Trata-se de Sebastián Francisco de Miranda Rodríguez, militar venezuelano que viveu entre 1750 e 1816 e lutou pela independência da América espanhola. A inusitada homenagem está no endereço nobre desde 1978, quando o então presidente da Venezuela, Carlos Andrés Pérez, presenteou a cidade com ela.

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Bem próximo dali, o Parque Trianon também guarda exemplos de ilustres desconhecidos. Logo na calçada, está a figura do Anhanguera, apelido do bandeirante paulista Bartolomeu Bueno da Silva (1672-1740). A obra foi esculpida em mármore pelo artista italiano Luigi Brizzolara (1868-1937). Dentro do parque, o engenheiro uruguaio Joaquim Eugênio de Lima (1845-1902) foi esculpido em bronze por Roque de Mingo (1890-1972). Lima tornou-se célebre por idealizar a Avenida Paulista.

O escritor libanês Gibran Khalil Gibran (1883-1931) mereceu, dois anos atrás, ser eternizado com um busto pertinho do Parque do Ibirapuera, zona sul, embora jamais tenha vivido no Brasil - passou a maior parte da vida em Nova York.

Um dos muitos bustos na Cidade Universitária homenageia Ernesto de Souza Campos (1882- 1970). O médico, um dos fundadores da Universidade de São Paulo, foi diretor da Faculdade de Medicina da USP e ministro da Educação e Saúde Pública do governo de Eurico Gaspar Dutra (1883-1974). A estátua é assinada pelo escultor Luís Morrone (1906-1998).

Na Avenida Brigadeiro Faria Lima, há um busto que homenageia o próprio José Vicente Faria Lima (1909-1969). Sabe quem foi? Engenheiro civil e aeronáutico, ele se elegeu prefeito de São Paulo nos anos 1960. A obra, também de Morrone, fica na Praça Luís Carlos Paraná.

Arouche. Exemplo de descaso com a memória de vultos históricos é a situação do Largo do Arouche. Na década de 1950, ali foi criado o Jardim dos Escritores, com bustos de vários intelectuais de São Paulo. Hoje, as peças que restam estão depredadas e sujas. Algumas nem mais têm identificação, caso da que homenageia o escritor Afonso d’Escragnolle Taunay (1876-1958).

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