
07 de fevereiro de 2013 | 02h00
PORTO ALEGRE - Imagens encontradas pela polícia na quarta-feira, 6, durante operação de busca e apreensão na casa de sete pessoas ligadas ao conjunto musical Gurizada Fandangueira, comprovam que a banda fazia shows pirotécnicos durante suas apresentações, inclusive na boate Kiss, antes da tragédia que matou 238 pessoas dia 27 em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
A informação foi divulgada pelo delegado Sandro Meinerz no final do dia e contradiz a entrevista que um dos proprietários da casa noturna, Elissandro Spohr, o Kiko, deu ao Fantástico, da Rede Globo, no domingo. Ele sustentou que a banda não havia usado, em shows anteriores na Kiss, recurso semelhante ao que deu início ao incêndio.
A contradição já era conhecida da polícia. "Os próprios músicos afirmam que faziam isso há muito tempo, na Kiss e em outros shows", ressaltou o delegado. Na entrevista à Rede Globo, Kiko disse que nunca autorizou o show pirotécnico e que, se soubesse que o recurso seria usado, não deixaria.
Os primeiros resultados da investigação policial indicam que o incêndio foi provocado pela fagulha de um sinalizador que o vocalista acendeu e que atingiu o teto do palco. O revestimento era de espuma inflamável, as chamas se espalharam rapidamente e produziram fumaça tóxica que matou a maioria das vítimas. A superlotação da casa teria dificultado a fuga.
A polícia ouviu ontem seis bombeiros que participaram do resgate. Outros seis prestarão depoimento nos próximos dias. Além de Kiko, outro sócio da casa noturna, Mauro Hoffmann, está preso. Eles serão ouvidos novamente antes do fim do inquérito, previsto para o início de março. O vocalista da banda, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor Augusto Bonilha Leão também estão detidos.
Feridos e furto. Ontem, o número de hospitalizados passou de 81 para 75. Desses, 21 ainda respiravam com ventilação mecânica. A maioria dos internados tem problemas pulmonares e alguns, queimaduras.
A Polícia Civil prendeu ontem um homem acusado de vender objetos furtados de vítimas no dia da tragédia. O suspeito não teve o nome divulgado.
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