Sai retrato falado de criminoso que invadiu casa no Morumbi

Rapaz foi descrito como líder do grupo que torturou uma mulher com câncer e ameaçou abusar de uma criança

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Por Elvis Pereira
Atualização:

A polícia divulgou na segunda-feira, 21, o retrato falado de um dos quatro acusados de agredir e torturar uma família, no Morumbi, zona sul de São Paulo, no dia 16. Os bandidos invadiram a casa à procura de um cofre e ameaçaram eletrocutar uma mulher com câncer e abusar sexualmente de uma criança. Eles chegaram a atirar na cabeça do dono do imóvel, mas o disparo falhou. Apenas um dos autores do crime está preso.

O proprietário da casa, o analista de sistemas A.C.S., de 44 anos, ajudou a polícia a elaborar a foto do mais velho do grupo. "Gravei a imagem dele. Ficava repetindo as características para mim", contou a vítima, que pediu para não ser identificada.

O homem descrito aparenta ter 30 anos de idade e 1,70 metro de altura. Seus olhos são pretos e os cabelos, encaracolados e curtos. Magro, tem tatuagens no corpo. No dia do crime, ele vestia uma camisa azul e calça jeans. "O que interessa é o mais velho, dava para ver que ele sabia o que estava fazendo."

Faltam, ainda, os retratos de dois ladrões. Um deles, apontado pelo analista como o mais agressivo, aparenta ter cerca de 15 anos e 1,80 metro de altura. Não há detalhes sobre as características do quarto integrante do bando.

Crueldade

O único preso é Alexandre Cirilo Lins, de 18 anos. No dia do crime, ele chegou a pular o muro da casa, mas foi alcançado pelos policiais. Ele foi indiciado por latrocínio tentado (tentativa de roubo e de homicídio). A polícia considera difícil investigar as invasões a imóveis, pois depende de denúncias anônimas e dos poucos vestígios deixados pelos ladrões.

O psiquiatra Marcelo Feijó de Mello diz que é cada vez mais frequente criminosos utilizarem requintes de crueldade para pressionar as vítimas. Reflexo, a seu ver, da estrutura social. "São crianças educadas sem os pais, sem afeto, sem limites do que pode ou não."

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Segundo Mello, atitudes como a do menor que apertava mais as pernas da vítima ao saber que ela sofria de câncer e tinha dor geralmente são tomadas por pessoas com desvio de personalidade ou sob efeito de drogas. "A agravante é que a gente vê cada vez mais crianças e adolescentes envolvidas com o crime."

O psiquiatra diz que é relativamente comum vítimas de assaltos a residência procurarem o Programa de Atendimento e Pesquisa em Violência (Prove), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Esse tipo de situação, de agressividade gratuita, é muito grave no sentido de provocar um dano psicológico ou psiquiátrico."

Desde 2004, o Prove fez mais de 6 mil atendimentos. E esse número tende a se expandir, uma vez que entre 30 e 40 novos pacientes procuram o serviço por mês.

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