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Sabesp vai reduzir pressão da água e prevê 'sofrimento' em SP

Medida é responsável por 54% de toda a economia; novo presidente da companhia defende 'transparência' na gestão da crise

Por Rafael Italiani e Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - O novo presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, afirmou nesta sexta-feira, 9, que já deu instruções para a área técnica da empresa "fechar ainda mais a saída (de água) do Cantareira" o que, de acordo com ele, vai causar "mais alterações" na pressão e, "inescapavelmente", gerar "algum tipo de sofrimento para a população".

Durante seu discurso de posse, diante de conselheiros da Sabesp e da nova cúpula da gestão da crise hídrica no governo Geraldo Alckmin (PSDB), ele afirmou que deve haver "transparência" por parte da companhia nas ações anti-crise. "Já passei por várias crises na minha vida profissional e uma coisa eu aprendi, que (para) lidar com crise tem que ser absolutamente transparente, absolutamente verdadeiro, contar para a população o que está acontecendo." 

Cerimônia de posse de Jerson Kelman, como novo presidente da Sabesp em lugar de Dilma Pena Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO.

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Kelman afirmou que a Sabesp já estava adotando essa postura, desde antes de tomar posse. "Tem sido feito assim e eu vou persistir nisso. Vou cobrar da Sabesp, insistir que a transparência seja total. Se não tem boas notícias, se temas e assuntos desagradáveis não forem discutidos com toda a franqueza, podem gerar fatos desagradáveis." 

A redução da pressão é responsável por 54% de toda a economia de água obtida pela Sabesp durante a crise. Em seu discurso de despedida, a ex-presidente da Sabesp Dilma Pena admitiu que a prática foi intensificada no início de 2014 para reduzir o desperdício. A medida, porém, nunca foi divulgada pela companhia em suas campanhas publicitárias e foi revelada pelo Estado, em abril, quando a Sabesp admitiu reduzir a pressão em até 75% no período noturno, o que deixava moradores de bairros mais altos e afastados sem água. 

Em dezembro, o Estado mostrou que a falta de água por causa da redução da pressão na rede já afetava moradores de todas as regiões da capital paulista no período da tarde. No mesmo mês, a reportagem revelou que uma fiscalização da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) constatou que a Sabesp reduzia a pressão da água além do permitido pela norma técnica do setor.

Na última quarta-feira, 7, além de aprovar a sobretaxa de até 100% para os consumidores da Grande São Paulo que gastarem mais água do que a média pré-crise, a Arsesp determinou que a Sabesp divulgue em seu site na internet e em meios de comunicação com pelo menos 24 horas de antecedência as regiões que serão afetadas por manobras operacionais e redução da pressão na rede.

Ampliação de medidas. O novo secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, disse durante seu discurso que "não existe uma solução simples para um problema complexo". De acordo com ele, o governo do Estado vai "enfrentar" a estiagem "utilizando todas as alternativas que estiverem ao alcance". O novo secretário também afirmou que "não houve um ano hidrológico tão crítico quanto 2014". 

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As poucas chuvas registradas entre outubro do ano passado e o início de 2015 são motivo de preocupação para Braga. A seca, segundo ele, sinaliza que as torneiras serão fechadas cada vez mais. "É por isso que a utilização dos nossos recursos hídricos deverá ser feita cada vez mais de forma consciente e respeitável."

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