29 de julho de 2015 | 03h00
SÃO PAULO - A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pediu aos órgãos reguladores para aumentar a captação de água do Sistema Cantareira em agosto e suspender a redução que havia sido determinada para setembro, na tentativa de aliviar o Sistema Alto Tietê, que operava nesta terça-feira, 28, com apenas 18,5% da capacidade.
Em ofício encaminhado ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista, e à Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, a Sabesp afirma ainda que outro motivo para ampliar a exploração do Cantareira é o atraso na conclusão da transposição de água da Billings para o Alto Tietê. Considerada a principal obra para evitar o rodízio na Grande São Paulo, a obra chegou a ser prometida para maio deste ano e, por último, para agosto ou setembro. Agora, deve entrar em operação em outubro.
Crise da água muda hábito de moradores
Na noite desta terça-feira, 28, o DAEE emitiu nota na qual autoriza, junto com a ANA, o aumento da retirada máxima do Cantareira para 14,5 mil litros por segundo no mês que vem e a manutenção do limite de 13,5 mil l/s entre setembro e novembro para abastecer cerca de 5,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
Na prática, o pedido tem como objetivo evitar a adoção de um rodízio drástico na região do Cantareira, que seria de 5 dias sem água e 2 com, segundo a Sabesp, mas deve retardar a recuperação do manancial, que ainda opera com 10,4% de capacidade negativa, ou seja, dentro do volume morto.
Em maio, ANA e DAEE haviam definido que a captação máxima pela Sabesp seria de 13,5 mil l/s entre junho e agosto, e reduzida para 10 mil l/s entre setembro e novembro deste ano. A decisão foi tomada para tentar acelerar a recuperação do sistema e respeitou o cronograma de entrega de obras emergenciais da Sabesp.
Atraso. A principal delas é a transposição de 4 mil l/s do Sistema Rio Grande, braço da Billings, para a Represa Taiaçupeba, do Sistema Alto Tietê, que havia sido prometida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para maio deste ano. Em abril, a Sabesp admitiu o atraso e informou que a conclusão ocorreria em agosto. Já Alckmin disse que a entrega seria, no máximo, em setembro.
Agora, contudo, a Sabesp informou que a transposição “entrará em operação assistida (em testes) em setembro”. Já a operação efetiva foi marcada para outubro. Segundo a estatal, “trata-se de obra de grande porte que demandou autorizações da Petrobrás na parte terrestre e licenças ambientais para que tivesse início”. Em maio, o presidente da empresa, Jerson Kelman, havia classificado a construção como um “projeto de bombeamento simplérrimo” que “não tem nenhuma dificuldade de ficar pronto a tempo”.
De acordo com a Sabesp, o objetivo da obra, orçada em R$ 130 milhões e contratada sem licitação, é levar mais água para o Alto Tietê, que não está operando com sua capacidade máxima porque está com baixo nível de armazenamento, para que ele possa socorrer bairros atendidos pelo Cantareira e reduzir ainda mais a dependência do manancial em crise. Agora, contudo, a obra terá de socorrer o Alto Tietê antes.
Segundo o presidente da ANA, Vicente Andreu o aumento da exploração de água do Cantareira “agrava a situação do sistema e exige um acompanhamento mais rigoroso do manancial no período seco”.
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