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Sabesp quer usar mais volume morto e repetir tática no Alto Tietê

Alckmin havia negado possibilidade de usar mais uma cota do fundo do Cantareira. Nesta sexta, Alto Tietê tinha 24% da capacidade

Por Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - Depois de iniciar em junho a polêmica retirada do volume morto do Sistema Cantareira, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) estuda agora repetir a estratégia no Sistema Alto Tietê, o segundo maior da Grande São Paulo. Graças a uma série de medidas anticrise, incluindo a utilização do fundo do manancial, o Cantareira ganhou sobrevida de 70 dias em sua captação.

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Formado por cinco represas distribuídas entre Suzano e Salesópolis, o Alto Tietê também sofre com a grave seca e registra queda no nível de armazenamento igual à do Cantareira, conforme o Estado antecipou há um mês. Nesta sexta-feira, 11, estava com apenas 24% da capacidade, a mais baixa para esta época do ano na última década.

Há um mês, o nível do manancial que abastece 4 milhões de pessoas na parte leste da Região Metropolitana era de 29,3%. No mesmo período, o Cantareira também perdeu 5 pontos porcentuais, atingindo nesta sexta 18,6% da capacidade. Com estoque máximo de 520 bilhões de litros, contudo, o Alto Tietê tem pouco mais da metade da capacidade total do Cantareira, de 982 bilhões de litros.

A crise no Alto Tietê se intensificou em fevereiro, logo após a Sabesp começar a remanejar cerca de 1 mil litros por segundo de água de suas represas para bairros da capital que eram atendidos pelo Cantareira. Projeções feitas por integrantes do Comitê da Bacia do Alto Tietê apontam que o volume útil do manancial pode acabar em cerca de quatro meses. 

Questionado em junho sobre a crise hídrica no segundo principal sistema, que produz até 15 mil litros por segundo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que não haveria “problemas no Alto Tietê”. Nesta sexta, em nota, a Sabesp informou apenas que “está executando estudos para o possível aproveitamento da reserva técnica do Sistema Alto Tietê” em caso de “necessidade”. 

Sabesp estuda também utilizar segunda cota da reserva profunda do Cantareira Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Cantareira. Além do volume morto do Alto Tietê, a Sabesp admitiu nesta sexta que estuda também utilizar uma segunda cota da reserva profunda do Cantareira. Desde quinta, quando o volume útil do sistema se esgotou, a companhia passou a utilizar apenas os 182,5 bilhões de litros represados abaixo do nível das comportas. Estimativas feitas pela empresa apontam que a reserva deve durar até outubro ou novembro.

No início da semana, contudo, Alckmin havia negado a possibilidade de usar mais uma cota do volume morto, que tem cerca de 400 bilhões de litros. “Ainda há uma reserva de 218 milhões de metros cúbicos (bilhões de litros) que não pretendemos destacar”, disse o tucano na segunda-feira.

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Segundo o Estado apurou, a Sabesp já sinalizou aos órgãos gestores do manancial, Agência Nacional de Águas (ANA) e Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), que pretende captar mais 100 bilhões de litros da reserva profunda, intenção que ainda encontra resistência da agência federal. De acordo com a Sabesp, a medida está em estudo.

A empresa afirma que tem feito todos os esforços para reduzir a retirada de água do Cantareira, já são 33% a menos, sem precisar adotar o racionamento generalizado na Grande São Paulo. Segundo a Sabesp, a reversão de água de outros sistemas, a redução da pressão na rede à noite e o programa de bônus deram uma sobrevida de 70 dias ao Cantareira. Ou seja, de acordo com a concessionárias, se essas medidas não tivessem sido tomadas, o volume útil do manancial, que se esgotou na quinta, teria acabado no início de maio. 

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