Sabesp já retirou 1/4 do ‘volume morto’

Comitê anticrise aponta que empresa usou 47,3 bilhões de litros dos 182,5 bilhões disponíveis na reserva

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Por Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - Em 35 dias consecutivos de captação de água, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) já retirou 26% dos 182,5 bilhões de litros do chamado volume morto do Sistema Cantareira. Até esta quarta-feira, 9, segundo boletim do comitê anticrise que monitora a seca do manancial, a empresa já havia consumido 47,3 bilhões de litros da reserva profunda das represas Jaguari-Jacareí, na cidade de Joanópolis, a cerca de 100 quilômetros da capital paulista. 

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As obras necessárias para a captação inédita do volume represado abaixo do nível das comportas da Sabesp custaram cerca de R$ 80 milhões, sem licitação, e as bombas flutuantes foram acionadas no dia 15 de maio pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O bombeamento, contudo, só começou, de fato, em 4 de junho, um dia após o volume útil das represas Jaguari-Jacareí zerar. Juntas, elas representam cerca de 80% da capacidade do Cantareira.

Agora, restam 57 bilhões de litros do “volume morto” desses dois reservatórios. Se a queda do nível de armazenamento mantiver o mesmo ritmo, essa reserva deve se esgotar em cerca de um mês. A partir de então, a Sabesp deve começar a retirar 78 bilhões de litros do “volume morto” da Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, a terceira em tamanho entre os cinco reservatórios do sistema.

Pelos cálculos mais pessimistas feitos pela Sabesp, todo o estoque do “volume morto” deve acabar até 27 de outubro. Nesse período, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) espera que as chuvas voltem a cair no manancial, normalizando o nível dos reservatórios. Desta forma, afirma a Sabesp, o abastecimento de água na Grande São Paulo está garantido até meados de março de 2015.

Mas, diante da possibilidade de a crise de estiagem se prolongar, a Sabesp já cogita utilizar mais 100 bilhões de litros do “volume morto” do Cantareira. Ao todo, o sistema possui cerca de 480 bilhões de litros que ficam abaixo do nível das comportas da Sabesp.

A ideia enfrenta resistência da Agência Nacional de Águas (ANA), um dos órgãos gestores do manancial, ao lado do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do governo do Estado. A ANA defende que a Sabesp deixe 5% da atual cota do “volume morto” para depois de novembro. Conforme o Estado revelou nesta semana, análise estatística feita pelo comitê anticrise mostra que a probabilidade de o Cantareira acumular até abril de 2015 um volume de água suficiente para tirá-lo da crise é de apenas 25%.

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