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''Roupa com estilo e a preço acessível, a fast fashion salvou o pequeno lojista''

ENTREVISTA[br][br]Enrico Cietta, ECONOMISTA ITALIANO, AUTOR DO LIVRO ''A REVOLUÇÃO DO FAST FASHION''

Por Valéria França
Atualização:

Professor da Universidade Católica de Milão, Enrico Cietta passou um ano pesquisando a fast fashion - moda rápida, em inglês -, fenômeno que atingiu a Itália, assim como o resto da Europa. O resultado foi o livro A Revolução do Fast Fashion (250 págs., Estação das Letras), que será lançado no País no fim de outubro. Na semana passada, Cietta deu palestras em uma faculdade de moda de São Paulo.O que é fast fashion?É uma moda que dura pouco, principalmente na vitrine. A loja se abastece de novidades semanalmente. Trabalham com estoque pequeno e muita diversidade de modelos, criando a sensação de que você precisa comprar a roupa já, porque ela vai acabar. E acaba mesmo.É o mesmo que modinha?Sim, mas no Brasil o termo é pejorativo. A fast fashion não é sinônimo de má qualidade, mas de moda a preço acessível. As lojas do Shopping Mega Polo Moda e do Bom Retiro entram nessa categoria? Não. Ali você não vê pesquisa de moda. É preciso ter um estilo reconhecível. Quando fui ao Shopping Market Place, fiquei impressionado com a Farm (grife carioca).Tem estilo e conceito bem marcados, até na decoração. Moda é dar valor à roupa. A última instância desse processo é o ponto de venda.Migrar para a fast fashion muda algo para o empresário? Foi a salvação de pequenas lojas. Em 1998, uma pesquisa da Universidade de Stanford mostrou que 78% do faturamento das lojas vinha das liquidações.Por quê? Elas se abasteciam duas vezes por ano, quando eram lançadas as coleções primavera-verão e outono-inverno. Investiam alto, em grande volume de mercadoria. O preço colocado em cima das roupas também era alto. Mas o lojista vendia mesmo no fim da estação, quando precisava renovar o estoque. Isso quebra qualquer tipo de planejamento financeiro.Qual o grande expoente da fast fashion europeia? A Zara é um modelo de sucesso. O centro criativo, que funciona na Espanha, tem 300 pessoas, entre designers e caçadores de tendências. Antes, as confecções copiavam, por exemplo, as roupas do desfile do Armani. Hoje a moda tem de se adaptar ao que acontece no mundo, do cinema às ruas. O cliente foi incluído nesse círculo criativo.

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