Roubo sobe pela 11ª vez consecutiva no Estado e na cidade de São Paulo

No quadrimestre, o Estado teve 32,5% roubos a mais (de 80.620 para 106.804 casos) e a capital, 41,7% (de 38.514 para 54.580); Grella voltou a defender encarceramento severo e leis rigorosas para diminuir a impunidade e a reincidência

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Por Daniel Trielli e Luciano Bottini Filho
Atualização:

Atualizada às 22h46

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SÃO PAULO - Tanto o Estado quanto a cidade de São Paulo registraram em abril o 11.º mês consecutivo de crescimento de roubos. O índice de homicídios (que no últimos 12 meses só havia aumentado uma vez, em janeiro) voltou a frear seu ritmo de queda e ficou praticamente estável no mês passado, na comparação com o mesmo período de 2013.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 23, pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). "A nossa preocupação continua sendo o roubo", disse o secretário Fernando Grella Vieira. No entanto, ele se disse satisfeito com a estabilidade nas taxas de homicídio.

O número de roubos (exceto de veículos) em todo o Estado aumentou 29,7% entre abril de 2013 e deste ano, de 21.368 para 27.711 ocorrências. Na mesma comparação, a capital teve alta de 33,9%, de 10.391 para 13.909 casos. Grella creditou parte do aumento ao maior número de roubos de celulares registrados neste ano.

No acumulado do quadrimestre, o Estado teve 32,5% roubos a mais (de 80.620 para 106.804 casos) e a capital paulista, 41,7% (de 38.514 para 54.580).

Já o número de homicídios no Estado ficou estável (alta de 0,3%) em abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Foi um assassinato a mais: passou de 363 para 364 casos. Na capital paulista, a diferença também foi de um caso, mas para baixo: abril de 2013 teve 95 ocorrências e o mês passado, 94 (queda de 1,1%). No ano, a redução dos homicídios é de 2,4% no Estado e de 4% na cidade de São Paulo.

Legislação. Diante da situação de aumento contínuo de crimes contra o patrimônio, Grella voltou a defender (como fez na divulgação de estatísticas de criminalidade no mês passado) o encarceramento mais severo e leis mais rigorosas para diminuir a impunidade e a reincidência. O secretário chegou a mencionar que é preciso usar mais o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), sistema mais rígido de reclusão de presos.

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"Na verdade, ninguém tem uma conclusão para esse aumento (de roubos). Seria muito importante o aperfeiçoamento legislativo. A progressão da pena deve ser um pouco mais rigorosa nesses crimes com ameaça ou com lesão à pessoa", defendeu o secretário.

O total de roubo de veículos também cresceu pela 11.ª vez seguida. Em abril, o aumento foi de 11,8% em todo o Estado (de 8.024 para 8.967) e de 6,8% na cidade de São Paulo (de 4.225 para 4.512).

Contra esse tipo de crime, Grella aposta na Lei dos Desmanches, que entrará em vigor em julho no Estado e regulará a venda de peças usadas nesses estabelecimentos, para reduzir a tendência de alta de furtos e veículos gradualmente. "As peças trarão um mecanismo de rastreabilidade, que é um código que vai identificá-la e dizer qual é veículo de origem", ressaltou o secretário.

Grella também disse que, recentemente, se encontrou com outros secretários estaduais de Segurança Pública da Região Sudeste para debater soluções conjuntas para a criminalidade que, segundo ele, é sistêmica também em outros Estados. Para ele, também nessa cooperação, a saída seria a aprovação de novas leis.

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Mortes. A boa notícia em relação aos crimes contra o patrimônio é que a conclusão mais violenta possível do assalto, o latrocínio, ficou estável mesmo com o aumento de roubos nos últimos meses. Foram 37 casos tanto em abril deste ano quanto no mês passado em todo o Estado. Na capital, houve aumento de 14 para 16 casos, alta de 14,3%.

A Secretaria da Segurança Pública também revelou nesta sexta que pouco mais da metade dos latrocínios é solucionada. No primeiro trimestre, foram 62 dos 113 registrados em todo o Estado (55%), o que, proporcionalmente, é uma melhora em comparação a todo o ano passado (197 de 404, ou metade).

Já a capital viu piora no índice de esclarecimento de roubos seguidos de morte. No ano passado, metade dos casos registrados nos DPs paulistanos foi solucionada (40 de 80); neste ano, foram 39% (10 de 26).

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