Em boa parte dos hotéis cariocas praticamente não existem mais quartos disponíveis há pelo menos dois meses. Nos pacotes dos albergues de Copacabana e Ipanema, na zona sul, a diária sai pelo dobro do preço. O aluguel de um apartamento de dois quartos por apenas uma semana pode passar de R$ 6 mil. Motel? É melhor correr, porque também estão cheios. Em plena baixa temporada, o Rock in Rio elevou para quase 100% a taxa de ocupação da rede hoteleira. Isso na região da Barra da Tijuca, na zona oeste, onde fica a Cidade do Rock; nos outros bairros está em 90%. Setembro é um dos meses mais fracos para a indústria do turismo e o índice, em geral, não supera 65%. O resultado é explicado por um dado curioso: quase metade do público de 700 mil pessoas, 315 mil, não é da cidade. As sete noites de música que, segundo os cálculos da organização, devem gerar US$ 400 milhões em ganhos para o município, começam na sexta-feira e se estendem até 2 de outubro, com intervalo entre segunda e quarta. Chegam com a primavera e não por acaso: foi um pedido do prefeito Eduardo Paes (PMDB) à família Medina, que nas três edições anteriores (1985, 1991 e 2001) escolhera janeiro, a chamada altíssima estação, quando o Rio lota de veranistas. Mineiro radicado na zona sul paulistana, o programador Wanderson Vitor de Paula, de 24 anos, tentou acomodar-se com a namorada e o irmão dela em um albergue. Faltou beliche e o trio vai para o apartamento de um tio da moça. Ele vem nos dois domingos: em um, quer ver o Metallica; no outro, Guns N"Roses. A fixação pela primeira banda é tanta que o rapaz, dessa vez sozinho, passará menos de 24 horas no Rio: serão 6 no ônibus, 1 até a Cidade do Rock, 14 horas de música e... de volta à Dutra. Ele aproveitou um pacote idealizado para quem quer ir direto ao assunto, ou melhor, para o Rock in Rio. Comprou na Auto Viação 1001 as passagens entre as duas rodoviárias e o RioCard Rock in Rio, que por R$ 35 o deixará a 250 metros de seu paraíso.