Rio: retirados da Câmara, professores vão à Justiça

Manifestantes acusam as forças de segurança de truculência, pois foram empregados gás lacrimogêneo e spray de pimenta durante a desocupação; comando da PM nega excesso

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Por Idiana Tomazelli , ADRIANO BARCELOS , MARCELO GOMES e RIO
Atualização:

Retirados à força na noite de sábado, 28, do Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal do Rio, professores e funcionários da rede municipal que ocupavam o local desde a quinta-feira planejam ações contra a Polícia Militar e o governo do Estado. Os manifestantes acusam as forças de segurança de truculência durante a desocupação, já que foram empregados gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Foram removidas cerca de 150 pessoas que estavam no plenário do Legislativo. Quatro pessoas foram detidas e liberadas ao longo da madrugada. A Polícia Militar nega oficialmente ter havido uso excessivo da força e alega que agiu dentro da lei. Orientados pelos advogados do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), que representa a rede municipal do Rio, professores feridos durante a desocupação foram instruídos a ir ao Hospital Souza Aguiar para realizar o boletim de atendimento médico. O documento pode servir para um futuro exame de corpo de delito, nas ações contra o Estado. Pelo menos 20 foram encaminhados ao hospital, todos liberados em seguida. "Tivemos até o caso de uma professora que entrou em estado de choque. Houve a necessidade de chamar o marido dela para buscá-la. Foi horrível", disse uma das coordenadoras-gerais do Sepe, Gesa Correa. Concentração. Neste domingo, um grupo de 150 servidores continuava mobilizado, desta vez do lado de fora da Câmara, na Rua Alcindo Guanabara. Ao longo do dia, eles fizeram piquenique, cantaram músicas em protesto contra o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e caminharam com faixas e cartazes pela Cinelândia, centro do Rio. O Sepe pretende ficar no local até a terça-feira, quando o projeto do Plano de Cargos e Salários encaminhado por Paes deve ser analisado em plenário. Os professores pedem a retirada de pauta por entender que o projeto beneficia uma fração pequena da categoria e prejudica os demais. Pela assessoria, o presidente da Câmara, Jorge Felippe (PMDB), disse que não comentaria a desocupação. O Legislativo emitiu nota em que agradece o apoio dado pela PM e promete reiniciar as atividades normalmente hoje. Vereadores de oposição pretendem questionar a desocupação.

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Polícia. No entendimento do comandante-geral da Polícia Militar do Rio, coronel Luís Castro, não houve excesso. Ele destaca que o gás de pimenta só foi utilizado do lado de fora do palácio. "A desocupação do plenário foi feita sem uso de gás de pimenta e balas de borracha. Usamos gás apenas do lado de fora, porque um grupo de professores tentou dificultar a ação da polícia.

Já o governador Sérgio Cabral fez críticas à ação dos docentes. "Acho que ocupar o plenário de uma casa legislativa não é a melhor maneira de acompanhar o debate", disse

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