Rio planeja criar 21 mil vagas em hotéis para a Olimpíada

Pacote da Prefeitura apresentado à Câmara prevê 72% a mais de acomodações; setor teme excesso de oferta

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Por Bruno Boghossian
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A prefeitura do Rio apresentou ontem à Câmara Municipal um pacote para estimular a construção de hotéis na cidade, com o objetivo de garantir acomodações para turistas, autoridades e delegações na Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada de 2016. Com propostas de mudança temporária na legislação urbanística e de redução de impostos, o Rio espera construir 21 mil quartos em seis anos - uma ampliação de 72% da oferta atual.O ponto-chave da proposta é a autorização provisória para a construção de hotéis em bairros como Copacabana, na zona sul, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, ambos na zona oeste, onde novos empreendimentos do setor são proibidos. Para garantir a manutenção da infraestrutura turística após os eventos, os proprietários deverão se comprometer a manter o uso hoteleiro dos edifícios, evitando que sejam transformados em condomínios residenciais."No passado, a indústria da construção aproveitou incentivos para a hotelaria e ergueu apart-hotéis de 20 andares na Barra da Tijuca, mas hoje todos eles têm pessoas que vivem permanentemente lá", afirmou o secretário municipal de Urbanismo, Sérgio Dias. A permissão para a construção dos hotéis deve valer em dez bairros, apenas para empreendimentos que receberem licença para funcionamento até o fim de 2015. Apesar da liberação, os prédios deverão respeitar as restrições ambientais das regiões e os gabaritos vigentes.Em Copacabana e no Leme seria autorizada a construção apenas nas vias internas, o que deixa de fora a cobiçada Avenida Atlântica. As orlas da Barra da Tijuca e do Recreio ficaram fora do pacote, que contempla apenas a Avenida das Américas e um trecho da Avenida Ayrton Senna.Está prevista também a concessão de permissões para a construção de pousadas de ecoturismo em Guaratiba, zona oeste, e no Alto da Boa Vista, zona norte, áreas menos populosas e com vegetação natural. São Conrado, zona sul, Deodoro e Realengo, ambos na zona oeste, e Ilha do Governador, zona norte, também estão incluídos no pacote.O projeto, que ainda precisa ser discutido e votado pelos vereadores, prevê uma renúncia fiscal de R$ 34,5 milhões. Os empreendimentos estarão isentos do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) até a emissão da licença de funcionamento, e terão uma redução do Imposto Sobre Serviços (ISS).Oferta. O Rio tem cerca de 29 mil quartos de hotéis, mas precisa de 50 mil para atender à demanda exigida pelo Comitê Olímpico Internacional. Com os incentivos e o calendário de grandes eventos previstos para a cidade, a Prefeitura acredita que as 21 mil novas vagas estarão disponíveis até os Jogos Olímpicos.A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio aposta na criação de 10 mil quartos até os Jogos Olímpicos. "Em seis anos, se nós crescêssemos normalmente, teríamos 6 mil novos quartos até 2016. Com esses incentivos e com a exposição da imagem do Rio diante da Copa e da Olimpíada, podemos chegam a 10 mil novos quartos, facilmente", avalia o presidente da entidade, Alfredo Lopes.PONTOS-CHAVEPan-Americano de 2007O Velódromo e o Parque Aquático Maria Lenk, na Barra da Tijuca, e o Estádio Olímpico João Havelange, no Engenho de Dentro, ficaram subutilizados após o evento.CustoSó a manutenção anual do Velódromo e do Parque Aquático (foto) era de R$ 5 milhões. Por isso, a prefeitura do Rio passou a administração do complexo ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB).Copa de 2014A reforma de R$ 720 milhões do Maracanã ainda está sendo licitada. Críticos temiam que a escola Arthur Friedenreich, vizinha do estádio, fosse demolida, o que foi negado pelo governo do Estado.Olimpíada de 2016Com os eventos concentrados na Barra da Tijuca, a prefeitura do Rio pretende colocar parte da Vila de Mídia na zona portuária e criar incentivos para empresas se instalarem na região.

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