19 de abril de 2012 | 03h03
Os 1,7 mil soldados da Força de Pacificação vão continuar no complexo, mas serão redistribuídos para outras favelas. Eles só devem sair depois da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), em junho.
"Quando entramos aqui, tínhamos a sensação de Sarajevo (capital da Bósnia-Herzegovina tomada por conflito armado no começo da década de 1990)", disse o governador Sérgio Cabral (PMDB). "As UPPs não convertem as comunidades em paraíso de uma hora para outra, mas mudam a vida dessas pessoas."
Com as inaugurações, o Rio passa a ter 21 UPPs. Outras seis unidades devem ser instaladas nos Complexos do Alemão e da Penha, com um total de 2 mil policiais. Tropas do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ajudarão no patrulhamento durante a transição.
A mudança do policiamento criou expectativa e desconfiança entre os moradores. Márcia Ferreira, de 41 anos, vive com os seis filhos na rua do posto provisório da UPP de Fazendinha. "Os moradores têm medo de que tudo seja só uma promessa, fogo de palha, e que a polícia saia depois."
Denúncias. Para o general Adriano Pereira Júnior, do Comando Militar do Leste, o Exército deixa como legado uma região menos violenta. Ao longo da ocupação, as tropas confrontaram traficantes e enfrentaram resistência dos moradores. Eles acusaram os soldados de abusos, furtos e até tortura.
O caso mais grave é a morte de Abraão da Silva Maximiliano, de 15 anos. Em dezembro, ele foi atingido por um tiro de um soldado. O Exército afirmou que ele tinha envolvimento com o tráfico, o que foi negado pela família.
As denúncias são investigadas pela Polícia Civil. Para Cabral, são "casos isolados". "De maneira alguma eles mancham a honra e o trabalho que o Exército fez nessa comunidade."
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