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Reportagem achou apenas 4 extintores

Por Paulo Saldaña
Atualização:

Ambulantes e funcionários não acreditam que o funcionamento da Ferinha da Madrugada possa ser alterado. "Não vai mudar nada. É muita gente envolvida e rola muito dinheiro", diz a comerciante Lucia, de 56 anos, que vende roupas infantis a preços que variam de R$ 3 a R$ 30 e não quis informar o sobrenome. Um segurança da feira também não mostra preocupação. "Estamos esperando a nova gestão, mas não será a primeira mudança." Desde que a Superintendência da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) interveio na feira, os pagamentos de taxas de condomínio foram suspensos.Na madrugada de sexta-feira, o movimento era intenso por causa do Natal. A procedência duvidosa dos produtos não afasta clientes - na maioria, comerciantes de outras cidades e Estados. Ao menos 50 ônibus ocupavam o estacionamento da feira."Venho todos os meses, os preços são muito baixos", diz a comerciante Dalva Dinar, de 37 anos, de Blumenau (SC), enchendo duas sacolas de vestidos, saias e camisetas. A pernambucana Rosemary do Nascimento, de 42 anos, saiu de Santos, no litoral paulista, para transportar 30 comerciantes que foram abastecer seus estoques. "Nunca tive problemas com a polícia aqui. A gente arruma o ônibus e traz o pessoal", diz ela, que faz o trajeto três vezes por semana.Segurança. Rodando pelas centenas de corredores da feira, a reportagem encontrou apenas quatro extintores. Além da sujeira, os frequentadores fumam em áreas fechadas. O empresário Rivaldo Sant"Anna, que representa a União dos Distribuidores de Frutas e desde 2005 reúne documentos sobre ilegalidades na feira, afirma que o local não atende a requisitos básicos de segurança, como a quantidade mínima de extintores, brigada de incêndio e pontos de fuga. "Está tudo irregular e perigoso. Se acontecer um incêndio, será uma tragédia. A propriedade da União está abandonada."PARA LEMBRARComércio de bancas é ilegal, mas comumNa madrugada do dia 16, cerca de 800 camelôs invadiram a Feira da Madrugada depois que um loteamento de novas vagas irregulares foi adiado pela terceira vez. Por duas horas, consumidores foram impedidos de entrar. Não houve violência e ninguém foi detido. Mesmo proibido, o comércio de bancas ali acontece livremente. Algumas passam de R$ 1 milhão. O Estado recebeu proposta de dois boxes, com menos de 4 m² cada, em quadra secundária, por R$ 100 mil. O aluguel de um box sai por R$ 2 mil. Há denúncias de que ambulantes têm de pagar R$ 5 mil mensais de propina.

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