Relógio de rua volta a operar em 1 mês

Fim de contrato deixou aparelhos sem manutenção desde fevereiro; novo serviço, porém, contempla só 140 dos 315 equipamentos

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Por Rodrigo Burgarelli
Atualização:

Depois de quase dois meses desligados, 140 relógios de rua da capital devem voltar a funcionar em até 30 dias. Esse é o prazo máximo previsto pela licitação emergencial feita pela Prefeitura e vencida anteontem pela multinacional Clear Channel. A empresa receberá cerca de R$ 48 mil da Prefeitura para fazer a manutenção e reparo dos equipamentos nos próximos quatro meses. Outros 175 relógios permanecem quase todos desligados.A medida de emergência foi necessária para aplacar, mesmo que parcialmente, o apagão cronológico das ruas centrais de São Paulo. A maioria dos relógios de rua foi desligada em 12 de fevereiro, após o término do antigo contrato de exploração dos equipamentos e, desde então, a Prefeitura tem tentado agilizar o processo de licitação. Publicidade. A ideia inicial era explorar os espaços de propaganda e ganhar receita das empresas interessadas na concessão dos equipamentos até 2030. O plano parecia promissor: junto com os novos abrigos de ônibus e relógios de rua que vêm sendo planejados desde 2007, o negócio poderia engodar os cofres do município em até R$ 2,5 bilhões. Como esse plano ainda não pôde sair do papel, a medida paliativa foi pagar para que a Clear Channel reativasse ao menos uma parte dos relógios. Dessa maneira, a Prefeitura poderá usar os equipamentos para fazer propaganda própria, mas a empresa não vai explorar comercialmente o espaço. O diretor de Operações da Clear Channel, José Mauro Leta, afirmou que os relógios que voltarão a funcionar ficam nas principais artérias da cidade, como as Avenidas Rebouças, Faria Lima e Paulista. Segundo ele, a empresa vai trabalhar para que o serviço comece a ser restabelecido na semana que vem. "É muito ruim ver esses equipamentos sem funcionar", disse. Concorrência. Para fazer a manutenção de 140 relógios de rua por quatro meses, R$ 48 mil pode parecer pouco. O equipamento é caro e um novo pode custar até R$ 50 mil ? pouco mais que o valor total pago para a empresa. Por isso, o objetivo real da Clear Channel é se preparar para a licitação dos novos abrigos e relógios. "Meu objetivo é conhecer esse processo e, futuramente, participar com melhores condições técnicas numa licitação maior", disse Leta.Como a nova concorrência depende da aprovação de um projeto de lei na Câmara Municipal, ainda não há previsão para que ela aconteça. A Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), no entanto, afirma que os técnicos estão elaborando a licitação para que os outros relógios voltem a funcionar e ela "deve ser publicada o mais breve possível" no Diário Oficial.Planejamento. A licitação emergencial é o mais recente capítulo da longa novela envolvendo os relógios de rua de São Paulo. Em 2007, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) começou o planejamento para incentivar empresas privadas a construir e explorar a publicidade de até 800 novos relógios. Além de receber até R$ 2,5 bilhões pelos 20 anos de concessão, a Prefeitura também tinha como objetivo descentralizar geograficamente o serviço, já que a maioria dos relógios se concentram no centro expandido.Por causa das polêmicas, a Prefeitura não abriu licitação em 2009. Advogados e empresários alegaram que concessões públicas não poderiam ser feitas sem a autorização prévia de uma lei municipal. A Câmara, além disso, precisava aprovar também uma exceção na Lei Cidade Limpa para que os relógios pudessem portar as propagandas.A Prefeitura então preparou um projeto de lei, que foi apresentado em fevereiro na Câmara ? mesmo mês em que os antigos relógios pararam de funcionar após o término da concessão. Como o projeto ainda não passou pelas comissões, não há prazo para que ele seja votado e a licitação saia do papel.

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