Relembre outros casos de tiroteios em escolas no Brasil

Desde 2002 casos semelhantes chamam a atenção pelo País; ataque mais emblemático é o de Realengo, no Rio de Janeiro

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Por Redação
Atualização:

Na manhã desta quarta-feira, 13, dois adolescentes invadiram uma escola em Suzano, na Grande São Paulo, e mataram 10 pessoas.  Ainda não há informações sobre a identidade do autor dos disparos ou das vítimas.

No ano passado, um aluno atirou em colegas e feriu duas pessoas no Paraná, motivado por bullying. Em 2017, um adolescente de 14 anos disse ter se inspirado nos massacres em escolas de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, para matar dois estudantes e ferir outros quatro no Colégio Goyases, em Goiânia.

Equipes do SAMU e do Corpo de Bombeiros prestam atendimento às vítimas em Suzano. Foto: Werther Santana/ Estadão

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Relembre esses e outros casos semelhantes:

Paraná

Em setembro passado, um estudante de 15 anos do ensino médio pegou uma arma e atirou nos colegas em uma escola estadual da pacata cidade de Medianeira, a 60 quilômetros de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Tinha uma lista para livrar os amigos – no fim, dois acabaram baleados. De acordo com a Polícia, agressões verbais e físicas eram constantes e teriam motivado o ataque. A ideia de se vingar do bullying cresceu, com inspiração em vídeos de atentados nos Estados Unidos e no Brasil, como em Realengo. 

O atentado aconteceu no Colégio Estadual João Manoel Mondrone. “Era um dia de aula normal, os alunos foram para a primeira aula, mas os dois envolvidos (o atirador e um colega que o acompanhava) não entraram na sala em um primeiro momento. A pedagoga os chamou para ver o que tinha acontecido. E depois chamou mais três ou quatro meninos da sala para conversar, ver o que tinha acontecido”, relatou o diretor do colégio, Darlan Chiamulera. “Ao saírem dali, eles foram até a sala de aula e um deles começou a atirar”, completa, destacando que não havia relatos que desabonassem a conduta escolar anterior dos jovens, que foram detidos.

Segundo testemunhas, antes de atirar nos estudantes, o jovem de 15 anos pediu para que 5 do grupo dos 35 se retirassem, pois tinha alvos definidos – 11 seriam supostamente citados em um vídeo – e não queria ferir amigos. Na sequência disparou, atingindo dois colegas. 

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Goiânia

Um adolescente de 14 anos matou a tiros dois colegas e feriu outros quatro em uma sala de aula do Colégio Goyases, em Goiânia, em outubro de 2017. Filho de policiais militares, ele usou a arma da mãe, que havia levado à escola particular escondida na mochila. Segundo a Polícia Civil, o rapaz sofria bullying e o crime foi premeditado. O jovem realizou os disparos dentro da classe, em um intervalo entre aulas, e foi imobilizado por uma coordenadora e por colegas quando tentava recarregar a arma. Um dos mortos, com um tiro na cabeça, foi um suposto desafeto do garoto, identificado como João Pedro Calembo, de 13 anos. Depois, segundo relato do próprio atirador à polícia, ele perdeu o controle e sentiu vontade de matar mais, atingindo outros colegas. 

Também morreu com um tiro na cabeça João Vitor Gomes, de 13 anos, considerado amigo do autor dos disparos, segundo colegas ouvidos pelo Estado. João Pedro e João Vitor morreram ainda na sala de aula.

Ainda ficaram feridos quatro adolescentes – três meninos e uma menina, com idades entre 13 e 14 anos. Uma das vítimas, atingida nas costas, foi levada pelo próprio pai ao hospital. Nenhum dos feridos tem previsão de alta e, na noite desta sexta-feira, o estado de saúde de uma das meninas era considerado grave. 

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Atualmente, o jovem cumpre medida socioeducativa no Centro de Internação de Adolescentes, em Anápolis (GO), e pode ser libertado em setembro de 2020. A família de João Pedro Calembo, de 13 anos, tenta superar a perda e a de Isadora de Morais, de 14 anos, que permaneceu 54 dias internada e ficou paraplégica, a auxilia na terapia. A escola adotou medidas de proteção.

Realengo

Em abril de 2011 aconteceu um dos ataques mais chocantes já ocorridos no País: o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, invadiu uma sala e atirou, matando quatro estudantes. Em seguida, entrou na sala vizinha e fez mais disparos, matando outras oito crianças.

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Policiais foram avisados por alunos que fugiram da escola ao escutar os tiros e encontraram Wellington descendo as escadas. O PM, então, atingiu a perna do atirador, que se suicidou em seguida. Outros 12 estudantes foram baleados, mas sobreviveram ao ataque. Ao todo, foram mais de 60 disparos em 15 minutos.

Dias depois, uma série de vídeos encontrados na casa de Wellington mostraram que ele premeditou o crime, motivado pelo bullying que sofreu na época em que era estudante. A família, que não compareceu ao enterro, confirmou que o atirador sofria distúrbios psicológicos.

Em altaSão Paulo
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São Caetano do Sul

Também em 2011, um estudante de uma escola pública modelo do ABC paulista, um menino de 10 anos, levou a arma do pai – um guarda-civil municipal com 14 anos de corporação – para a sala de aula e atirou na professora pelas costas. Na sequência, saiu da sala e se suicidou com dois tiros na cabeça. 

Os tiros foram ouvidos na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, logo após um dos intervalos do turno da tarde, às 15h50. Os estudantes de algumas turmas ainda se dirigiam para as salas quando D., de 10 anos, aluno do 4º ano C, se levantou, sem nenhum aviso, e apontou a arma para a professora Rosileide Queiros de Oliveira, de 38 anos, que estava de costas naquela hora. Em seguida, atirou, para desespero dos 24 colegas de sala.

A professora levou um tiro na região posterior do lado esquerdo, na altura do quadril, e sofreu uma fratura na patela direita. Ela foi levada ao Hospital das Clínicas, na zona oeste da capital paulista. O menino foi levado ao Hospital Albert Sabin, em São Caetano, onde morreu após sofrer duas paradas cardiorrespiratórias.

João Pessoa

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Em abril de 2012, dois jovens chegaram à Escola Estadual Enéas Carvalho, em Santa Rita (Região Metropolitana de João Pessoa), em uma moto e invadiram o pátio. Eles usavam uniforme da escola. Um deles atirou contra um adolescente de 15 anos. O atirador disparou outras cinco vezes, atingindo duas garotas.

Uma delas, de 17 anos, foi baleada no braço direito. A outra, levou um tiro no pé esquerdo. De acordo com a polícia, o motivo do crime teria sido ciúme. Testemunhas disseram que o atirador tinha discutido com a namorada, e o motivo seria a amizade dela com a outra menina. Em maio de 2011, um estudante teria efetuado dois disparos para o alto na mesma escola, revoltado com a demora no fornecimento da merenda.

Taiúva

O estudante Edmar Aparecido Freitas, de 18 anos, invadiu a Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva (366 quilômetros a noroeste de São Paulo), em janeiro de 2003. Armado com um revólver calibre 38, o ex-aluno da 3ª série do colégio disparou contra cerca de 50 pessoas que assistiam a aulas de recuperação. Os tiros feriram nove pessoas, entre elas uma professora e um garoto de oito anos. Um aluno atingido na altura do tórax foi levado emestado grave para a Santa Casa de Bebedouro. Após os disparos, Edmar se matou com um tiro na cabeça. Segundo o Primeiro Tenente Amarildo Roberto Bassi, da Polícia Militar de Taiúva, o estudante efetuou 14 disparos e tinha ainda 89 cartuchos nos bolsos.

Salvador

Em 2002, um estudante de 17 anos matou a tiros a colega Vanessa Carvalho Batista e feriu gravemente outra, Natasha Silva Ferreira, ambas de 15 anos, numa das salas da 8ª série do Colégio Sigma, da rede particular, situado no Bairro de Piatã, orla marítima de Salvador. Testemunha contaram que o rapaz, com um revólver calibre 38, cano longo, escondido na mochila, chegou atrasado à aula. A professora teria pedido para ele fazer um exercício. Nesse momento ele tirou a arma da mochila e disparou à queima-roupa contra as duas colegas. Vanessa foi atingida por um tiro e morreu minutos depois, enquanto Natasha recebeu três, sendo levada em estado grave para o Hospital São Rafael.Após disparar contra as colegas, o jovem ficou perambulando com a arma em punho pela quadra do colégio, até a chegada de uma rádio-patrulha da Polícia Militar

Um dos amigos do acusado disse que ele estava com raiva das duas vítimas por causa de uma gincana. "Eles deram uma nota 2,5 quando ele achava que merecia a nota máxima, 3", disse o estudante, afirmando ter ouvido do colega que iria matar as duas. "Mas quem iria acreditar numa ameaças dessas?". Depois de ser ouvido na Delegacia do Adolescente Infrator, o estudante foi encaminhado para a Promotoria da Infância e do Adolescente. De acordo com as primeiras investigações da polícia, ele teria pegado a arma do pai, que é perito policial, para atirar nas colegas.

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