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Reintegração de 1,3 milhão de m² tem confronto, 3 feridos e 18 presos

Com 2 mil homens, o Batalhão de Choque da PM ocupou a área em São José dos Campos que havia sido invadida por 1,5 mil famílias

Por JOÃO CARLOS DE FARIA , GERSON MONTEIRO , ESPECIAIS PARA O ESTADO e SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Atualização:

Com dois helicópteros, carros blindados e cerca de 2 mil soldados do Batalhão de Choque, a Polícia Militar cumpriu ontem o mandado de reintegração de posse do Pinheirinho, área de 1,3 milhão de metros quadrados em São José dos Campos, interior paulista. Segundo a PM, não houve resistência, mas três manifestantes ficaram ferido, 18 foram presos e oito veículos foram incendiados, entre eles um carro da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo. O Choque chegou à comunidade às 6 horas e, em 40 minutos, a área onde viviam 1,5 mil famílias (cerca de 6 mil pessoas) foi controlada. Às 18 horas, a operação era dada como concluída. A energia havia sido desligada e barracos começavam a ser demolidos por tratores da prefeitura. O trabalho deve continuar hoje, quando deverá haver novas manifestações. A PM informou que vai permanecer no terreno.O clima à noite era tenso perto do centro de triagem, para onde foram levadas cerca de 5 mil pessoas. Tiros de borracha e bombas de efeito moral eram usados para dispersar moradores. Os helicópteros sobrevoavam a área.Logo cedo, a operação pegou os moradores de surpresa. "A gente acreditava em uma decisão da Justiça Federal, mas ela chegou tarde", disse Valdir Martins, o Marrom, um dos líderes dos moradores, em referência à liminar do juiz federal de plantão Samuel de Castro Barbosa Melo. A ordem de suspensão da reintegração, no entanto, chegou quando a operação já era realizada, conforme determinava a Justiça Estadual.A área, ocupada desde 2004, pertence à massa falida da Selecta, do empresário Naji Nahas. A reintegração cumpre decisão da juíza Márcia Faria Mathey Loureiro, da 6.ª Vara Cível.O "exército" do Pinheirinho não teve tempo de reação. Na semana passada, os moradores haviam se armado com porretes, escudos de parabólicas, capacetes, caneleiras de PVC e até um pit bull para resistir à reintegração. O coronel da PM Manoel Messias afirmou que a ação foi um sucesso. Segundo ele, o "fator surpresa" foi crucial. Confronto. Ao longo do dia, conflitos pontuais teriam ocorrido, segundo a PM, com manifestantes que não pertenciam ao Pinheirinho. À tarde, um grupo começou um tumulto no centro de triagem. A Guarda Civil Municipal chegou a dar tiros para o alto e disparou balas de borracha. Um dos manifestantes feridos passou por cirurgia no Hospital Municipal da Vila Industrial. Segundo a prefeitura, seu estado era estável e ele estava consciente. A família pediu para não divulgar informações. A PM negou o disparo e informou que usou armamento não letal. Os manifestantes também bloquearam a Via Dutra.

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