
22 de novembro de 2015 | 02h02
A aposentada Fátima Ferreira, de 60 anos, está preocupada com o futuro do neto João Pedro, de 10. Ele é aluno da Escola Estadual Cidade Seródio, em Guarulhos, onde fica das 7 às 16 horas. Uma parte do dia é de aulas básicas, como Matemática, e há oficinas, como de informática e esportes.
" Tenho medo que piore a qualidade do ensino em outra escola. Ele começou há poucos meses neste colégio e já melhorou muito, só tira nota dez agora", afirma Fátima. Para a criança, no 4.º ano do ensino fundamental, a ideia de mudança também não agrada. "A gente ficou triste quando a professora contou. Aqui é onde todos os amigos ficam e fazemos coisas legais", comenta João Pedro.
Maria Inez Molinari, dirigente de ensino da Região Guarulhos Norte, diz que os alunos da Cidade Seródio serão transferidos para outra unidade, a Brigadeiro Velloso, onde também terão ensino integral. "Lá eles terão um espaço mais amplo e preparado." O prédio antigo será entregue ao município.
Como a Escola Brigadeiro Velloso fica a 1,5 quilômetro, parte dos pais se queixa da distância. "Está dentro do limite proposto na reorganização", justifica Maria Inez. As famílias também dizem que o novo colégio tem problemas de alagamentos. Mas, segundo Maria Inez, foram feitas reformas. Os alunos que já estavam na Brigadeiro Velloso, diz a dirigente, não terão o ensino integral, por enquanto. "Isso ainda será discutido com a comunidade."
Descontinuidade. Já os alunos da Escola Guilherme Oliveira Gomes, em Osasco, vão para outra unidade do município, sem ensino integral. "Isso interrompe um processo, prejudica a qualidade", lamenta Glace Motta, professora de Português do colégio. "Temos projetos articulados, interdisciplinares. O aluno perde muito ao sair."
Outro problema, segundo Glace, é a perda de oferta para o público da periferia. "É ruim para esse jovem ficar ocioso." O prédio será transformado em um Centro de Educação de Jovens e Adultos.
A Secretaria da Educação do Estado (SEE) diz que em Osasco a "baixa adesão é responsável pela mudança." Afirma ainda que a transferência dos alunos foi debatida com a comunidade escolar. Acrescentou que a "pasta não pode impor o tempo integral aos estudantes".
A Escola Doutor Carlos Rosa, em Birigui, é outra de tempo integral a fechar as portas. O técnico de telefonia Igor Nogueira, de 35 anos, reclama. "Meu filho tem 11 anos e precisa ficar na escola o dia inteiro. Não tenho quem fique com ele. Isso bagunça nossa rotina", afirma.
A secretaria diz que oferecerá aos alunos da Carlos Rosa atendimento na Escola Vicente Felício Primo, na mesma cidade. O colégio também tem ensino integral.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.