
20 de abril de 2011 | 00h00
As oportunidades de emprego nas novas fronteiras agrícolas e na extração de minérios, dois dos carros-chefes das exportações brasileiras nos últimos anos, substituíram o vetor do crescimento populacional típico do século passado, ou seja, a criação de postos de trabalho nas indústrias que ficavam nas grandes cidades.
O que o estudo da Fundação Seade mostra, com base nos dados do Censo, é que as cidades médias e as regiões metropolitanas do interior do Estado de São Paulo se tornaram mais atraentes para os migrantes do que a Grande São Paulo e o litoral.
Isso tem um efeito positivo sobre a cidade de São Paulo e seu entorno. A diminuição da pressão demográfica, seja pela redução da imigração seja pelo envelhecimento da população, talvez ajude a explicar a queda da taxa de homicídios ocorrida na cidade de São Paulo a partir de 2003.
Menos inchaço e crescimento desordenado são oportunidades para os administradores públicos planejarem melhor suas ações na capital e nos municípios do entorno. Sem necessidade de expandir rapidamente a quantidade dos serviços públicos na área da educação, por exemplo, eles poderiam investir na melhoria da qualidade do ensino.
Essa mudança de eixo de crescimento para cidades de porte menor é uma tendência mundial, principalmente nos países emergentes, como a China. É o que apontam estudos recentes feitos pelo Banco Mundial e por consultorias privadas.
Isso aumenta a pressão por investimentos em transporte, para conectar essas regiões emergentes aos antigos polos de desenvolvimento. Implica construir mais estradas, aeroportos e ligações ferroviárias rápidas.
Também requer a interiorização dos investimentos em ensino e qualificação profissional. Hoje faltam técnicos capazes de operar colheitadeiras mecânicas de cana de açúcar no interior do Estado, para ficar em apenas um exemplo.
É COLUNISTA DO "ESTADO"
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