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Rede privada piorou mais que pública e puxou nota do Enem 2012 para baixo

Entre escolas particulares paulistas, 47% daquelas que tiveram os resultados dos dois últimos anos divulgados registraram queda na média geral; entre as públicas, esse porcentual foi de 34%. Colégios tradicionais ficam de fora do ranking e vão recorrer

Por Barbara Ferreira Santos , Laura Maia de Castro , Marina Azaredo , Paulo Saldaña , Victor Vieira e José Roberto de Toledo
Atualização:

Os resultados por escola no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 mostram que a rede privada piorou mais do que a pública em comparação com 2011, puxando a média das notas para baixo - sobretudo em São Paulo. Entre escolas particulares paulistas, 47% daquelas que tiveram os resultados dos dois últimos anos divulgados registraram queda na média geral. Entre as públicas, esse porcentual foi de 34%. O mesmo ocorre em todo o País: 45% das privadas caíram entre 2011 e 2012, enquanto a queda nas públicas foi de 40%.As médias são calculadas com base nas notas das quatro áreas da prova (Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Matemática). Com o método matemático adotado, é possível comparar o desempenho - teoricamente, os exames têm a mesma dificuldade. Das 11.239 escolas que aparecem na lista de 2012, 6.833 tiveram dados em 2011. Entre essas, a média geral das notas caiu 3%, de 537 para 521 pontos. O recorte foi realizado pelo Estadão Dados. Entre as instituições que tiveram os dados nos dois anos, houve queda em todas as redes na área de Linguagens (Português e Língua Estrangeira). Mas na rede privada houve a maior queda nessa área, de 6,1%. A particular foi a única em que a média de Ciências da Natureza caiu.A diretora do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, vê importância nas informações, mas diz que é preciso cautela. "Os resultados não podem ser ignorados, mas é importante saber que é só um retrato", observa. "No ranking, parece que a rede particular é muito melhor do que a pública, e nem sempre é verdade." Na média geral das quatro áreas, a rede privada tem nota 20% maior do que a pública (mais informações na página A19). Recursos. Entre as 20 escolas que ocupam o topo do ranking, apenas 4 são do Estado de São Paulo - no ano passado, eram 6. Para ter as médias divulgadas, as unidades precisam ter ao menos dez alunos no Enem e 50% de seus concluintes. O critério deixou escolas tradicionais de fora e algumas unidades já anunciaram que vão recorrer.É o caso do Objetivo Integrado, de São Paulo, que no ano anterior ficou em 1.º. Segundo o colégio, cinco alunos que não seriam da escola teriam sido registrados no Enem - e outros dois ainda estariam fora da base. A escola afirma que os resultados dos 40 alunos que fizeram a prova a colocam em 1.º no País.O Objetivo Integrado de Mogi das Cruzes também vai ingressar com recurso, bem como o Santa Maria, da capital paulista. "Esses números são importantes para avaliar e planejar aulas", diz Silvio Freire, diretor de ensino médio do Santa Maria.O Instituto Dom Barreto, do Piauí, estava em 5.º em 2011 e não apareceu agora. "A divulgação é importante não pelo ranking, mas porque as notas nos permitem melhorar", diz a diretora, Maria Rangel. Em Minas, Estado que lidera o ranking, unidades de colégios tradicionais, como o Santo Agostinho, Santo Antônio, Colégio Loyola, Santa Doroteia e Collegium, também ficaram de fora e prometem entrar com recurso. O Inep informa que é possível ingressar com recurso até 4 de dezembro.Médias. Considerando todas as escolas, incluindo as que aparecem só em 2012, só quatro unidades da federação têm mais da metade das escolas com notas acima da média nacional: São Paulo, Bahia, Rio e Distrito Federal. No Acre, o pior colocado, 15,1% das unidades tiveram desempenho acima da média. Em 2012, 87% das escolas estaduais estão abaixo da média - no ano anterior, entretanto, esse porcentual era de 92%.Na capital paulista, as 512 escolas do ranking têm uma diferença de 60% de nota média. As das regiões central e oeste concentram as melhores notas - a zona leste fica em último.

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