
11 de setembro de 2011 | 00h00
ENVIADA ESPECIAL
ITAJAÍ
A manhã de ontem em Itajaí (SC), a 94 km de Florianópolis, foi de céu claro e azul, criando o insólito cenário de enchente com sol, ao qual a cidade já se acostumou. As ruas alagadas, as casas tomadas de água e barro e os barquinhos de resgate remetem a um passado ainda fresco na memória dos moradores e a um questionamento do por quê, três anos depois da enchente que devastou Santa Catarina, o drama se repete.
"Só Deus para responder isso", diz Paulo Caetano, mecânico de 26 anos. Ele e o amigo Toia, de 38, ajudavam com um barco a retirar pessoas de suas casas no bairro Carvalho, um dos mais afetados pela cheia do Rio Itajaí-Mirim. Ambos reconhecem que, desta vez, as famílias se conscientizaram e deixaram as casas alagadas mais depressa. "Em 2008, a chuva foi aqui, na foz, encheu mais. E nós não fomos avisados com antecedência", diz Toia.
Agora, com a dragagem feita no porto e as duras lições aprendidas, os moradores tiveram chance de escapar do pior.
Mais adiante, na BR-101, estrada que contorna a cidade, Luiz Hamilton Bosse, de 33 anos, e sua mulher, Luciana, eram o exemplo desse aprendizado. Há três anos, perderam o pouco que tinham com a água barrenta que invadiu sua casa até o teto. "Não sobrou nada", lembra Luciana. O casal teve de reformar a casa e, precavido, fez o piso 70 cm acima do nível anterior. Também construiu um forro para guardar os pertences em caso de nova enchente.
Faltava a tinta das paredes e o sótão já teve de ser usado. "Coloquei tudo para cima, mas não tenho ideia do que se salvou", conta Luiz, à beira da rua completamente alagada que leva à sua casa. O casal e a filha Pâmela, de 13 anos, deixaram o bairro Promorar na sexta-feira de manhã.
O major Lázaro Sartini, da Defesa Civil, mostra no mapa o contorno de Itajaí, que é cercada pelos Rios Itajaí-Açu e Itajaí-Mirim. A aguaceira de Brusque vem pelo rio pequeno, a de Blumenau, pelo grande, e Itajaí é a foz onde a água doce encontra o mar. "Com a maré alta, a cidade alaga, não tem jeito. Estamos monitorando essas altas e conseguimos evitar uma tragédia maior. Aos poucos, a água está baixando", explica. "O ponto positivo é que, desta vez, a população respeitou nosso chamado, e a Defesa Civil está bem mais estruturada do que há três anos", diz.
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