Rapaz confessa ser o autor de quatro assassinatos no Brás

Mortes, todas com facadas no pescoço, ocorreram em 8 dias; em dois casos, acusado diz ter sido pago para executar as vítimas

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Por Luciano Bottini Filho
Atualização:

Atualizado às 7h34

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O pernambucano Aírton Isaías da Silva, de 19 anos, é acusado de ter matado a facadas quatro pessoas entre os dias 23 de fevereiro e 2 de março no Brás, na região central de São Paulo. Segundo a Polícia Civil, ele confessou os assassinatos ontem, após ter sido detido na noite anterior.

A Justiça decretou ontem a prisão temporária de Silva, que saiu sorrindo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para ser levado a um centro de detenção provisória. A polícia não declarou se o jovem apresenta transtornos mentais. A gravação do seu depoimento, contudo, que traz falas desconexas, tem indícios de que ele possa sofrer de algum distúrbio.

A confissão do pernambucano, que estava em São Paulo havia seis meses, foi gravada em vídeo pela polícia. Segundo a diretora do DHPP, Elisabete Sato, apesar de o indiciado ter agido da mesma forma em todos os assassinatos, matando as vítimas com facadas na região do pescoço, ele não é considerado um serial killer. "Ele agia ora por motivo pessoal, ora a mando de alguém", disse.

No interrogatório, Silva confessou que recebeu R$ 200 e R$ 500 por duas das mortes – uma teria ocorrido no dia 23 e outra, no dia 28. As vítimas seriam um vendedor e um suposto morador de rua não identificado.

Silva teria matado também o saxofonista Aislan Dantas, de 32 anos, que tocava na banda Bonde do Maluco. Ele desapareceu depois da comemoração do nascimento de sua filha, no dia 22, e foi encontrado morto na Rua São Brás, no centro de São Paulo. O indiciado afirmou que havia saído de um forró quando atacou o músico após encontrá-lo brigando com uma mulher.

A última vítima, Rodrigo Aguiar, de 32 anos, foi morta na madrugada do dia 2. De acordo com o depoimento de Silva dado à polícia, ele havia descoberto que Aguiar, que se travestia de mulher, era um homem e o matou para se defender. Segundo Silva, Aguiar teria feito um elogio a ele.

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"Ele é uma pessoa xucra, não demonstrou nenhum arrependimento", disse o delegado Cândido Araújo, que conduziu o inquérito. "Ele é um ‘risca-faca’, daqueles que não leva desaforo para casa", complementou.

Histórico. Segundo a delegada Elisabete, o indiciado tinha problemas já em Pernambuco, onde teria jogado uma pedra na cabeça de uma criança.

As mortes do saxofonista e do vendedor Rodrigues Torres, de 46 anos, ocorreram na mesma madrugada, no dia 23. Mas, no caso de Torres, segundo Silva, a morte teria ocorrido para cumprir uma encomenda. Ele não deu detalhes sobre quem seria o mandante.

Silva havia sido detido após uma denúncia anônima feita na quarta-feira. Os quatro crimes tinham em comum o fato de as vítimas terem tido a região do pescoço cortada pelo assassino. De acordo com uma advogada das vítimas, Jaqueline Martinelli, o homem havia sido detido por ser suspeito de pelo menos dois desses casos. Jaqueline representa a família do saxofonista Allan Dantas.

Os investigadores também trabalharam com imagens de câmera de segurança que teriam identificado o autor dos crimes. A polícia encontrou com o suspeito um chip de telefone celular que pertencia ao saxofonista morto.

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