
04 de fevereiro de 2014 | 11h34
Atualizado às 14h10
CAMPINAS - Com uma seca atípica no verão - período que deveria estar chovendo e garantindo a recarga dos rios e reservatórios -, cidades do interior paulista já adotam medidas de racionamento e restrição do uso da água. A prefeitura de Campinas antecipou de julho para este mês o período em que é proibido usar água para lavar calçadas, sob pena de multa. Na vizinha Valinhos, o racionamento no abastecimento começou nesta segunda-feira, 3. Em Amparo foi registrada a mortandade de peixes no rio que atravessa a cidade, por causa da estiagem fora de hora.
Com o janeiro - mês historicamente mais chuvoso do ano - mais seco da história e o Rio Atibaia com baixa vazão, quem for pego em Campinas desperdiçando água receberá multa equivalente a três vezes o valor de sua última conta. O decreto, que amplia o período de estiagem, foi publicado nesta terça-feira, 4. O prefeito Jonas Donizette (PSB) determinou também que a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento de Campinas (Sanasa) estude medidas de incentivo à economia de água, nos moldes do sistema adotado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Pelo decreto, de fevereiro a agosto deste ano, quem for flagrado usando água para limpeza de calçamentos e passeios públicos, residenciais e comerciais, será advertido e, depois, multado. Só os casos de necessidade extrema, como uso de água para construção de imóvel, realização de reformas e construção de calçamento, estão liberados. "Em razão da gravidade do momento, com a falta de chuvas e o calor intenso, decidimos tomar a medida", disse o prefeito de Campinas.
A dona de casa Maria Ercília Freitas, de 74 anos, conta que o calor faz com que ela use mais água. "Não consigo mais ficar dentro de casa durante a tarde. Para dar uma refrescada, aproveitei para jogar uma água na calçada", afirma Maria Ercilia, que agora pode ser multada se voltar a praticar a chamada vassoura hidráulica, quando é usada água para "varrer" o chão.
Racionamento. O Departamento de Água e Esgoto de Valinhos (Daev) começou o racionamento de água em certas regiões da cidade nesta segunda-feira, 3. O departamento está cortando o fornecimento em determinados períodos em bairros onde não falta água, para fazer reserva e conseguir manter o abastecimento nas áreas mais elevadas do município.
O órgão garante que em todos os bairros da cidade haverá água todo dia, mas em horários diferentes. Outros sequer terão corte.
Em Amparo, a prefeitura registrou a mortandade de peixes, principalmente os cascudos, no Rio Camanducaia, que atravessa o centro da cidade. O motivo é a baixa vazão do manancial.
Os problemas nessas cidades são decorrentes do pior cenário vivido no setor de abastecimento na Grande São Paulo e interior no mês de janeiro.
As represas do Sistema Cantareira (maior fornecedor de água para a Grande São Paulo e região de Campinas) estão com seu mais baixo nível desde que foram construídas, em 1974. A capacidade está em apenas 21,2%. Nas represas Jaguari e Jacareí, consideradas o coração do sistema, por armazenarem 850 bilhões de litros de água dos 990 bilhões totais, choveu em janeiro deste ano quase a metade do registrado em no mesmo mês em 1953 - 80,3 milímetros ante 154,9 mm -, quando foi registrada a pior seca da história no Estado.
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