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'Quem mais precisa é quem paga mais caro'

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Por Redação
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Uma quitinete para alugar na maior parte do centro expandido da capital paulista não sai por menos de R$ 820, o valor do salário mínimo regional. O aluguel desse tipo de imóvel, que tem em torno de 30 metros quadrados, variava, em fevereiro, de R$ 935, na Aclimação, na Consolação e em Pinheiros, para R$ 1,2 mil no Itaim-Bibi, nos Jardins e em Higienópolis, segundo pesquisa do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP)."O aluguel está estrangulando a renda das famílias, o que fica evidente quando se considera que o rendimento médio real dos assalariados da capital era de R$ 1.854 em fevereiro", diz José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP. Viana Neto afirma que os imóveis menores são sobrevalorizados. "O preço do metro quadrado dos apartamentos de um dormitório é absurdo. Quem mais precisa de ajuda é quem paga mais caro."A assessora de comunicação Carolina Espavaringo, de 25 anos, mora em uma quitinete de 32 metros quadrados com os dois filhos na frente da Santa Casa, em Santa Cecília, região central. Ela paga R$ 1,1 mil por mês. "Eu morava em um sobrado na Vila Matilde, na zona leste, com a minha família, mas resolvi vir para o centro no ano passado por causa do trabalho."Ela diz ter se assustado com os preços que encontrou. "O valor mais baixo para uma quitinete que encontrei foi de R$ 800, mas era um prédio muito antigo e em uma região complicada. Tive de aumentar a minha faixa de preço possível em R$ 300."Embora seja perto do trabalho e ela tenha acesso às facilidades do bairro, como farmácia e supermercado, o imóvel não é o ideal para Carolina. "Meus filhos têm 7 e 8 anos e acho que no ano que vem será difícil viver no espaço que temos. Eles estão naquela fase de individualidade, de criar o seu local. Em uma quitinete, isso é impossível. Mas estamos nos virando."A pressão do aluguel sobre a renda mostra que os imóveis mais procurados são que custam até R$ 1 mil - eles representaram 38,8% do total dos imóveis alugados em fevereiro. A questão é que a maioria dos novos contratos, ou 29% do total, concentrou-se em bairros da zona D, uma das mais desvalorizadas, com bairros como Água Rasa, Cidade Ademar e Freguesia do Ó. / M.R.

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