06 de dezembro de 2011 | 03h04
Dos 18 corpos de brasileiros recentemente resgatados e identificados, o de Nelson Marinho foi o primeiro a ser enterrado no País. O mecânico, de 40 anos, havia sido contratado por uma empresa italiana para trabalhar em uma plataforma de petróleo em Angola e fazia sua segunda viagem a trabalho para o exterior.
"Foi encerrado um ciclo", disse ontem o pai, que estava acompanhado da mulher, dos outros quatro filhos, de sobrinhos, outros parentes e amigos. "Por mais que a gente saiba da tragédia, sempre fica uma sensação de não ter acontecido. Você fica incrédulo. Nesse sentido, o enterro deixa a gente um pouco mais confortável." Ele, no entanto, afirmou que a revolta ainda é muito grande. "Conquista será quando eu conseguir provar que esse avião, o A-330, tem um defeito de fabricação. Além disso, por ser muito automático, ele deixa o piloto refém da máquina."
No momento do enterro, ele fez um apelo para que autoridades "ordenem que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) faça uma investigação paralela" à do governo francês. O pai vestia uma camiseta regata que deixava à mostra, no braço esquerdo, uma tatuagem do rosto de Nelson quando criança, com a frase "Filho é eterno".
"Ele tinha seis anos nessa foto. Para um pai, o filho não cresce. (A tatuagem) Vai ficar aqui até o fim, quando eu for também", disse o pai. O enterro foi pago pela seguradora da Air France, disse Marinho. Ele afirmou que ainda luta na Justiça brasileira por uma indenização.
Faixa. Em novembro, o Ministério das Relações Exteriores informou que havia sido notificado pelas autoridades francesas sobre a identificação dos corpos de 18 brasileiros. Além desses, já haviam sido sepultados outros 20 corpos de brasileiros. Cerca de duas dezenas de pessoas acompanharam o enterro. Além de coroas de flores de amigos e de um escritório de advocacia, parentes levaram uma faixa: "Te amaremos para sempre".
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