Quadrilha desviava remédios de alto custo de hospitais públicos de SP

Bando, que furtou R$ 10 mi em medicamentos, inclusive contra o câncer, tinha a ajuda de servidores; para governador, há risco à saúde

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Por Redação
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Onze suspeitos de integrar uma quadrilha que desviou de hospitais públicos pelo menos R$ 10 milhões em remédios de alto custo, maior parte contra o câncer, foram presos ontem em operação do Ministério Público Estadual, Polícia Civil e Corregedoria Geral da Administração. Foram cumpridos mandados de prisão temporária e de busca e apreensão em São Paulo e no Rio. Com a ajuda de funcionários públicos, os criminosos roubavam medicamentos de alto custo de vários locais, incluindo o Hospital Brigadeiro, o Instituto Brasileiro de Combate ao Câncer (IBCC) e a ala do Sistema Único de Saúde (SUS) do Samaritano. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) considerou o fato muito grave, pois os remédios não eram guardados com a refrigeração necessária, colocando em risco a saúde pública. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que o governo federal colaborou com as investigações e elogiou a iniciativa. "É uma ação fundamental na linha de combate ao desperdício dos recursos da saúde." O bando, comandado de dentro de um presídio, revendia os itens por preços cinco vezes mais baixos em farmácias e clínicas particulares de cidades paulistas e fluminenses. Localizado nos Jardins, área nobre da capital, o Hospital Brigadeiro era alvo da maior parte dos desvios. Uma funcionária foi detida e outros servidores estão sob investigação. As prisões ocorreram nas cidades de São Paulo, Itaquaquecetuba, São Caetano do Sul, Praia Grande, Rio e Belford Roxo. Ao todo, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em clínicas particulares, hospitais, farmácias e em distribuidoras de medicamentos. Nas residências dos acusados também foram apreendidas dezenas de caixas de remédios de uso controlado para tratamento oncológico e contra o reumatismo. Cada caixa com as ampolas de medicamentos usados no combate ao câncer está avaliada em cerca de R$ 8 mil. Essas mesmas caixas eram revendidas por R$ 1,8 mil. Mortos e com alta. O Corregedor Gustavo Ungaro afirma que nenhum paciente foi prejudicado pelo esquema. Ele disse que os desvios eram feitos com receitas médicas prescritas a pessoas que já morreram ou recebiam alta. /CAMILLA HADDAD, DIEGO ZANCHETTA, GIO MENDES e CLARISSA THOMÉ

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