06 de outubro de 2020 | 21h13
O publicitário Robson Vieira, de 33 anos, foi agredido com socos e chutes por três homens enquanto passeava com o seu cachorro na Rua Martins Fontes, na Consolação, região central de São Paulo, no domingo, 4. A agressão foi filmada por moradores de um dos prédios vizinhos e as imagens ganharam repercussão, com pedidos de punição aos agressores. Eles foram detidos, mas liberados após registro da ocorrência na delegacia.
A agressão já estava acontecendo quando o vídeo, divulgado nas redes sociais, se inicia. Robson, que está de camisa cinza claro, é cercado pelos três homens, dois de camisa branca e um de camisa preta. Um deles atinge Robson no rosto com um soco, que cai no chão. Logo em seguida, a Guarda Municipal aparece e dispersa os agressores. O publicitário teve ferimentos nos lábios.
Defensoria da União entra com ação contra Magalu por 'marketing de lacração' com trainee para negros
Em vídeos publicados na sua conta do Instagram, ele conta que o motivo da agressão foi o fato de ser gay e negro. "Eu estava passeando na rua e eles começaram a me insultar me chamando de negro safado e vieram para cima de mim", diz. Nas imagens, é possível identificar que um entregador, ao observar o confronto, estaciona sua moto e tenta separar a briga. Alguns carros que passam pela rua buzinam e pessoas na janela gritam pedindo para que a agressão pare.
Os advogados de Robson, Paulo Iotti, do grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero e colaborador da ABGL, e Djefferson Amadeus, diretor do Instituto de Defesa da População Negra, ressaltam que a tipificação como lesão corporal foi um equívoco.
“O Robson foi xingado por ser negro e gay, logo, foi vítima de duplo racismo. Não constou do TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) o teor dos xingamentos porque delegacias costumam parafrasear e colocar só a síntese que querem. A testemunha atestou que os agressores começaram a xingar o Robson e a bater no seu cachorro. Como próximo passo, nós pediremos a reclassificação para o racismo, no mínimo na forma da injúria racial, pois temos testemunhas do teor racista das ofensas, por ele ser negro e gay”, diz o advogado.
Ao Estadão, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que “a vítima manifestou interesse em representar criminalmente contra os autores, razão pela qual o caso foi encaminhado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal)”. “Durante os depoimentos, não foram relatados outros crimes a serem registrados, no entanto, a Polícia Civil reitera que está à disposição para apurar denúncias de outras naturezas, tão logo elas sejam registradas”, ressalta a nota.
Com a repercussão do caso, o publicitário tem recebido apoio de influenciadores da causa LGBT e também da atriz Giovanna Ewbank. A reportagem não conseguiu identificar os agressores nem quem os representa legalmente no caso.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.