Protestos não abalam pontífice

Arcebispo diz que atos são 'naturais' para o papa

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Por José Maria Mayrink
Atualização:

O papa Francisco está acompanhando as manifestações populares no Brasil, mas não parece preocupado com isso, informou o cardeal d. Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao revelar à Radio Vaticano, em Roma, o conteúdo da audiência particular que teve com o sumo pontífice, na tarde de quinta-feira.

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"Pelo que eu percebi do Santo Padre, ele vê tudo isso como algo, de certo modo, normal e natural, em um país democrático onde as pessoas podem e devem, às vezes, manifestar seus anseios, desejos e reivindicações para que o governo procure interpretar o que as pessoas estão querendo dizer aos nossos dirigentes, à nossa sociedade, e procure tomar as medidas necessárias, cabíveis para atender essas reivindicações quando elas são justas", disse o cardeal.

D. Damasceno entregou a Francisco cópia da nota oficial divulgada pela CNBB, na qual a entidade apoia manifestações pacíficas e condena atos de violência que agridem pessoas, violam o direitos e depredam o patrimônio público e privado. O cardeal observou que é importante que os jovens se manifestem e participem da vida política e social do País, contanto que seja dentro da ordem e do respeito às leis. Em entrevista ao repórter Silvoney José, do Serviço Brasileiro da Rádio Vaticano, d. Damasceno e seu bispo auxiliar d. Darci José Nicioli sugeriram que o papa, na visita a Aparecida, no dia 24 de julho, celebre a missa no pátio da Basílica, para que maior número de fiéis possa participar da cerimônia.

No interior da Basílica, que tem capacidade para 30 mil pessoas em pé, seriam admitidas 15 mil, por questão de segurança, enquanto cerca de 200 mil poderiam acompanhar a missa no pátio externo. D. Damasceno levou a sugestão ao organizador das viagens internacionais do papa, Alberto Gasbarri. A mudança exigirá reforço no esquema de segurança. O cardeal disse esperar que a polícia saiba respeitar as manifestações, "para que elas transcorram num clima de harmonia, de respeito e de tranquilidade".

"O papa Francisco não se assustará com eventuais protestos nas cerimônias da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), se alguns grupos se manifestarem para reivindicar uma sociedade justa e fraterna", acredita o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, da CNBB, d. Eduardo Pinheiro da Silva, bispo auxiliar de Campo Grande. Como as grandes concentrações da Jornada são abertas, corre-se o risco de haver até atos de violência, mas d. Eduardo espera que os jovens sejam capazes de se organizar e garantir um clima de paz.

O padre Márcio Queiroz, responsável pelo setor de comunicação da JMJ, disse que não há preocupação com o esquema de segurança porque as Forças Armadas e as polícias (as locais e a Federal), vão reforçar a proteção ao papa e manter a ordem em todos os eventos, no Rio e em Aparecida. Padre Márcio lembra que muitos peregrinos inscritos para a Jornada estão participando pacificamente das manifestações, em defesa de reivindicações que são também da Igreja.

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