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Protesto força cancelamento de audiência sobre a cracolândia

Comerciantes da Santa Ifigênia, insatisfeitos com reforma da área, ameaçavam tumulto ainda maior

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Por Redação
Atualização:

Por falta de segurança, a Polícia Militar não permitiu a realização, no início da noite de ontem, da primeira audiência pública da Prefeitura para a apresentação do projeto de revitalização da cracolândia, área degradada no centro de São Paulo. Mil pessoas, a maior parte comerciantes da Rua Santa Ifigênia que lotaram o auditório da Fatec do Bom Retiro, não deixaram o secretário Miguel Bucalen, de Desenvolvimento Urbano, iniciar o evento. O grupo protesta contra a desapropriação de três quadras da região, reduto do comércio de produtos eletrônicos."A PM indicou que não existe segurança para abrir a audiência. Vamos remarcá-la para um lugar maior o mais rápido possível", anunciou às 19h35 o secretário, sob vaias da plateia. O clima dentro da Fatec era de estádio de futebol. Cerca de 200 pessoas ficaram do lado de fora e quase houve tumulto com a PM. Dentro, os manifestantes, com nariz de palhaço, gritavam "fora Kassab". Comerciantes pretendiam lançar cadeiras da parte mais alta do auditório caso a audiência não fosse cancelada. Policiais perceberam que o tumulto poderia aumentar e pediram para o secretário suspender o evento. Reforma. A revitalização da cracolândia, chamada de Nova Luz, prevê a reforma de 45 quadras, das quais 28% serão demolidas. Três quadras serão desapropriadas na Rua Santa Ifigênia."Esse projeto vai contra os 200 anos de história da nossa rua. Querem transformar o centro numa nova Faria Lima para ricos", criticou o lojista Aldeir Faezzi, de 38 anos. Sem pancadaria. Foi o segundo dia consecutivo de protesto pelas ruas do centro da capital. Ontem, os comerciantes interditaram vias da região, mas não houve confronto com os policiais militares. Na quinta-feira, estudantes fecharam a Avenida Ipiranga em protesto contra o aumento da tarifa de ônibus, que passou de R$ 2,70 para R$ 3. A Força Tática disparou balas de borracha e usou gás lacrimogêneo contra o grupo para dispersar a manifestação e desobstruir o bloqueio das vias. Mais de 30 estudantes foram detidos e houve relatos de que entre cinco e dez participantes teriam ficado feridos com balas de borracha e estilhaços de vidros. A PM nega que tenha agido com truculência com os estudantes.Os lojistas atearam fogo em sacos de lixo e entulho e fecharam o acesso das Ruas Vitória, Andradas e da maior parte da Santa Ifigênia. De acordo com a PM, 1.200 pessoas participaram da manifestação. Os lojistas dizem ter sido 2 mil. Lojas de eletrônicos e de peças de motos fecharam as portas por cerca de 20 minutos, em apoio ao protesto. Os manifestantes foram apenas acompanhados pela Polícia Militar.

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