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Projeto de faixa para idosos reduz atropelamentos quase pela metade

Para reduzir mortes na Avenida Jabaquara, CET adaptou calçadas e ampliou travessias

Por Bruno Ribeiro - O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO PAULO - Um projeto-piloto desenvolvido pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) em 2009 para salvar vidas de idosos conseguiu reduzir em 42% o número de atropelamentos na área onde foi colocado em prática, na Avenida Jabaquara, zona sul de São Paulo. O estudo servirá como base para aplicação em outras áreas onde os índices de acidentes são altos.

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Os idosos somam a maior parte das mortes por atropelamento na capital: 36% das 630 mortes registradas na cidade são de pessoas com mais de 65 anos - os dados são de 2010, uma vez que a CET ainda não divulgou o balanço de mortes no trânsito de 2011.

Os motivos para tantas mortes de idosos são facilmente perceptíveis. Eles têm mais dificuldade para andar, se desequilibram mais e sofrem de visão e audição prejudicadas. E a perspectiva é de que a população idosa aumente: hoje, a expectativa de vida do brasileiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 72 anos. Em 2050, será de 81.

 

 

Estudo. A Avenida Jabaquara foi escolhida como local do projeto por ser, até 2008, um dos locais "mais críticos" em atropelamentos, segundo a autora do estudo, a gestora de trânsito Telma Maria Gorgulho Pereira Micheletto, da CET. "Escolhemos essa avenida porque costumamos fazer auditorias em locais com atropelamentos. Lá, descobrimos um lugar em que havia muito idosos fazendo travessias. E não havia local seguro para isso", comenta. O lugar era na frente de duas farmácias. A constatação da pesquisa resultou em propostas para garantir a segurança dos idosos.

Entre as medidas adotadas estão a instalação de faixas de pedestres a cada 100 metros - o normal é usá-las somente nos cruzamentos -, a adequação das calçadas e das rampas de travessia, para torná-las mais seguras, e ainda o aumento do tempo de duração do sinal verde nos semáforos para pedestres.

"Um estudo de Belo Horizonte, que usamos na nossa nota técnica, mostra que o idoso caminha a 0,65 metro por segundo", diz a gestora. Os semáforos, em geral, são programados para garantir a travessia de quem caminha a 1,2 metro por segundo.

Congestionamentos. A pressão que os engenheiros de trânsito recebem para garantir o melhor fluxo de carros possível e evitar os congestionamentos, segundo Telma, é o que dificulta a adaptação de todas as vias da cidade para os idosos. A solução, diz ela, é que essas mudanças sejam adotadas nos locais onde há maior trânsito de pedestres. "Ainda estamos levantando outros locais", afirma.

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O médico Dirceu Rodrigues Alves Junior, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), também critica as políticas públicas adotadas para a segurança do idoso. "A preocupação é o fluxo de carros. Deveria ser com o fluxo de pedestres", ressalta.

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