Programação unia filmes novos com os melhores clássicos

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Por Análise: Ubiratan Brasil
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O Cine Gemini parou no tempo. Suas poltronas vermelhas e o carpete com figuras geométricas (que fazem lembrar o arrepiante Hotel Overlook, do filme O Iluminado) são os mesmos desde o tempo da inauguração, nos anos 1970. Mas nada que o desabonasse - ao contrário, conferia um toque vintage, como não se vê em nenhuma outra sala de São Paulo. Aliás, as cores berrantes já dominavam a sala de espera, no andar inferior, preparando o espectador para uma viagem psicodélica.E o Gemini podia se orgulhar - nos anos 1980 e 90, seu sistema de som era um dos melhores de São Paulo, em uma época em que o reinado era do Comodoro, na Avenida São João, e seu maravilhoso surround. Também a programação brilhava, pois tanto era possível assistir à trilogia Indiana Jones como a filmes de arte - foi um enorme sucesso a reprise de Cantando na Chuva.Aos poucos, o Gemini foi assolado pela decadência dos cinemas de rua da região da Paulista. A manutenção tornou-se falha, as cadeiras perderam o conforto, o som ficou roufenho, a imagem, desidratada. Também a programação decaiu - o Gemini tornou-se reduto de filmes já prestes a sair de cartaz.Nos últimos tempos, o espectador era agraciado com uma paçoca na entrada e podia comprar lotes de ingressos por preços promocionais. Era o começo do fim. Depois do centro, a ruína se aproximava da Paulista.

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