Procuradora é presa por torturar a filha e chora

Foragida havia 7 dias, ela encontra-se em cela individual. Defesa diz que vai recorrer

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Por Gabriela Moreira
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Depois de 7 dias foragida, a procuradora aposentada Vera Lúcia Sant" Anna Gomes se entregou à Justiça, ontem, no Fórum do Rio. Acusada de torturar a filha adotiva de 2 anos, ela se emocionou ao ouvir o despacho do juiz com a decretação da prisão. Após passar por exame de corpo de delito, foi levada para o Presídio Nelson Hungria, no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste. Segundo seu advogado, Jair Leite Pereira, ela ficará numa cela individual, numa ala destinada a presos com direito a prisão especial. De acordo com Pereira, durante o tempo em que esteve foragida Vera Lúcia se hospedou na casa de amigos, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio. "Ela ainda tinha esperança de ter a prisão revogada", disse o defensor que, ontem, teve mais um pedido de habeas corpus negado. Na sexta-feira, a liminar de outro pedido de revogação de prisão já havia sido indeferida.O advogado afirmou que vai recorrer da decisão e, caso a liberdade seja negada, vai ingressar com pedido de prisão domiciliar. Vera Lúcia mora num amplo apartamento em Ipanema (zona sul), na quadra da praia. "Ela tem 66 anos e só poderia gozar desse benefício aos 70, mas as circunstâncias da prisão e toda a comoção criada me fazem pedir a prisão domiciliar mesmo assim", explicou Jair Leite. Isenção. Para o juiz titular da 32.ª Vara Criminal, Guilherme Schilling Pollo Duarte, o contexto que motivou a decretação da preventiva da procuradora permanece. No despacho em que negou o habeas corpus, o magistrado afirmou que a prisão é necessária para que seja garantida uma "isenta colheita de provas".Susto. Vestida com calça de moletom cor de rosa, um turbante da mesma cor escondendo os cabelos e usando óculos escuros, a procuradora se assustou com repórteres e curiosos que a acompanharam pelos corredores do Fórum. "Não precisa atropelar", disse aos jornalistas, por volta das 12h15, quando se apresentou. Antes de ser levada para o presídio, que tem capacidade para 432 presas, Vera Lúcia pediu ao advogado para comprar roupa de cama e banho e acessórios de higiene. "Cadê as minhas sacolas. Por favor, peguem as minhas sacolas com as minhas coisas", pediu a procuradora, dentro do camburão. Vítima. A menina de 2 anos que Vera Lúcia é acusada de ter agredido e torturado está sob os cuidados de psicólogos e terapeutas, num abrigo, na zona sul. Ela ficará sob os cuidados dos especialistas até ser submetida a novo processo de adoção. CRONOLOGIADenúncia foi de ex-funcionáriasMarço de 2010Vera Lúcia recebe guarda provisória da menina. Ex-funcionárias da procuradora dizem que agressões começaram no dia seguinte. Por isso, denunciaram o caso14 de abrilConselho Tutelar encontra a menina com hematomas4 de maioCinco dias depois de Vera Lúcia ser indiciada por tortura, MP pede sua prisão13 de maioVera se entrega e é presa

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