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Procura por imóvel cresce 158% no Rio

Site de aluguel de residências por temporada diz que Copa terá 'demanda recorde'; em Minas, mansão na Pampulha custa R$ 200 mil

Por Felipe Werneck , RIO , MARCELO PORTELA e BELO HORIZONTE
Atualização:

A locação de imóveis ou quartos por períodos curtos não para de crescer no Rio, cidade-sede da final da Copa. O Airbnb, um dos maiores sites de aluguel por temporada, tem 6 mil anúncios na cidade. Mais da metade está com reservas confirmadas. De acordo com a empresa, houve aumento de 215% dos anúncios e de 158% da procura em relação ao ano passado. Para a Copa, é esperada "demanda recorde no País".Com tanta procura, os proprietários têm lucrado, e muito. A coordenadora de programação do canal a cabo Gloob, Joana Macedo, alugava um apartamento no Jardim Botânico, zona sul do Rio, por R$ 1.800 - um contrato defasado para uma cidade cuja valorização média dos aluguéis foi de 120% nos últimos cinco anos, segundo o Sindicato da Habitação (Secovi). Ela colocou um anúncio no Airbnb e fechou com uma família francesa por 2.500, ou R$8.250, por duas semanas na Copa. "A procura foi grande, recebi 40 propostas. Nem era o maior valor, mas gostei da família, não queria meter a mão." Em média, a diária dos apartamentos já reservados neste ano no Rio foi negociada por R$ 300, segundo o Airbnb. Na Copa, porém, os valores saltam para mais de R$ 1 mil por dia. De acordo com levantamento do Secovi, as diárias em junho e julho vão custar em média US$ 300, ou cerca de R$ 700. "O aluguel por temporada está bombando no Rio. A procura é muito grande durante a Copa, principalmente em Copacabana e Ipanema. É uma forma de ficar mais integrado à cidade e para muitos o hotel fica puxado, porque o Rio tem uma das tarifas mais caras", disse o vice-presidente do Secovi, Leonardo Schneider. Em Belo Horizonte, o aluguel também vai bombar. Hotéis preveem alta de mais de 400% nas diárias e quem optar por uma hospedagem alternativa em imóveis particulares terá de desembolsar até R$ 200 mil. Pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro, especializado em levantamentos e comparações de preços, nos dias 25 e 26 do mês passado, mostrou que, dependendo do estabelecimento, a reserva para um fim de semana hoje ou durante o Mundial pode ter uma diferença de até 466%. Um dos hotéis pesquisados reajustou a diária de um quarto normal duplo de R$ 180 para R$ 1.020."Ganância é diferente de ambição, e o que vimos foi uma ganância enorme em um período muito curto", afirmou Feliciano Abreu, coordenador do Mercado Mineiro. Para ele, o "aumento abusivo" dos preços pode funcionar no sentido inverso ao esperado pelo setor. "Com a exploração de turistas se perde a chance de mostrar uma cidade acolhedora, barata e tranquila." O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte (Sindhorb), Paulo César Pedrosa, contesta os dados e afirma que "as pesquisas não englobam os pequenos hotéis". "Nenhum hotel está lotado até o momento. Vai ser possível encontrar diárias de R$ 100."Confortável. Assim como hotéis, moradores da capital mineira esperam lucrar, e a engenheira Eliene Maria também. Ela, o marido e as duas filhas estão dispostos a sair da casa onde vivem na Pampulha, a cerca de 2 km do Estádio do Mineirão, para ceder a residência recém-construída para hospedagem. A casa de quatro pavimentos, com quatro suítes, piscina, sauna e salão de festas, está para alugar por R$ 180 mil, por 30 dias. "Cabem até 20 pessoas de forma confortável. Além disso, vamos negociar o pagamento por pessoa", afirmou a engenheira. A terapeuta Ana Maria de Campos Ferreira oferece um quarto em sua casa no Sion, na região centro-sul da cidade, por R$ 250 a diária. "A pessoa terá à disposição um quarto com duas camas e o banheiro da casa, já que o meu é uma suíte. E terá café da manhã e espaço na geladeira", afirmou Ana Maria, que já conseguiu reservar o quarto por quatro dias para um hóspede que ainda poderá relaxar no jardim e no espaço onde ela dá aulas de ioga.

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