PUBLICIDADE

Procura por ajuda deve crescer entre fumantes de São Paulo

Como não vão poder mais acender o cigarro em qualquer lugar, fumantes vão, aos poucos, reduzir os cigarros

Por Fernanda Aranda , O Estado de S. Paulo , e Luísa Alcalde e Jornal da Tarde
Atualização:

A procura de tratamento médico por pessoas que tentam livrar-se do vício do tabaco aumentou nos últimos meses e tende a crescer ainda mais após a implementação da lei que vai banir o fumo de locais fechados em São Paulo. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a mudança de comportamento será gradativa. Como não vão poder mais acender o cigarro em qualquer lugar, como antes, os fumantes vão, aos poucos, reduzir as unidades - até procurar ajuda para parar.

 

Veja também:

PUBLICIDADE

 

O Programa de Tratamento de Tabagismo do Instituto do Coração (InCor) recebeu cerca de 20% mais interessados nos últimos dois meses, segundo a coordenadora do serviço, Jaqueline Issa. Para fazer parte é necessário passar por uma consulta no HC e obter um registro de paciente. Já o coordenador do Programa Antitabagista do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), João Paulo Lotufo, diz que a fila de espera se manteve nos últimos meses. Atualmente, aguardam uma vaga no serviço, que atende só a comunidade da USP e pessoas do Butantã, em média de 50 a 100 pessoas.

 

O especialista diz que a demanda se mantém e não aumentou por causa da proibição ao fumo. "O que tem mudado é que, em função de maiores dificuldades para fumar, com restrições em quase todos os espaços, as pessoas têm fumado menos", afirma o médico. Para ele, a restrição gradativa, acentuada depois que a lei antifumo entrar em vigor, pode levar adeptos do cigarro a abandonar o vício da nicotina.

 

Não é apenas em ambientes sociais que os fumantes vão precisar mudar a postura com relação ao fumo. A lei antifumo também determina que as empresas eliminem os espaços destinados aos funcionários fumantes. Por isso, a restrição ao tabaco também será no "expediente". No fim de 2007, a Secretaria de Estado da Saúde criou como parte da política antitabagista a oferta de um selo de qualidade para empresas que baniram as áreas de fumantes de espaços internos. De lá para cá, 88 estabelecimentos ganharam o certificado. "Como o selo agora só vai aferir se a empresa cumpre ou não a legislação, vamos mudar o critério", afirma a diretora do programa, a médica Luizemir Lago. "A partir de agora, o critério será se a empresa oferece ao corpo de funcionários a possibilidade de tratamento para parar de fumar", afirmou.

 

A própria lei antifumo, no texto de regulamentação, previu que as prefeituras devem ofertar a parte médica aos interessados em abandonar o vício. "Se constatarmos o aumento da procura, vamos nos esforçar para aumentar os serviços", disse o Secretário de Saúde, Luiz Barradas Barata.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.