Prisão na Europa faz agentes do Denarc voltarem à mira

Corregedoria apura desvio de droga recolhida por policiais, que iria para a Espanha, além de abastecer a cracolândia

PUBLICIDADE

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy
Atualização:

A prisão do investigador Walter José Bernal fez a Corregedoria da Polícia Civil reabrir uma das mais rumorosas investigações que envolviam policiais do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc): o suposto envio de toneladas de cocaína para a Espanha. O esquema envolveria um grupo de libaneses supostamente ligados a policiais do departamento.Eles mandariam a droga de navio para a Espanha, destino final da 1,7 tonelada de cocaína apreendida no dia 7 de outubro pela polícia portuguesa com cinco brasileiros, entre eles o investigador Bernal. Este trabalhava no Denarc com vários dos policiais investigados em 2008 pelo Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Em parceria com a corregedoria, os promotores obtiveram a informação de que parte da droga apreendida pelo Denarc era desviada pelos policiais.Quando apreendiam droga pura, os policiais separariam 80% dela e misturariam os 20% restantes com bicarbonato e outras substâncias a fim de não alterar o peso final do que foi apreendido. A prática tinha até um nome: era o "vira". Os policiais "viravam" a droga antes de a levar à sede do Denarc. O que era desviado era vendido a bandidos do Primeiro Comando da Capital. As grandes apreensões seriam destinadas ao mercado externo. A droga seria mandada ao exterior pelos policiais por meio de seus contatos com o submundo do tráfico.Já as pequenas quantidades abasteceriam a cracolândia. Um dos investigados seria conhecido como "Rei da Cracolândia". Os policiais mantinham grandes quantidades de dólares para negociar a compra de cocaína. Na época, a apuração não conseguiu comprovar o envio da droga ao exterior, mas provocou duas denúncias criminais contra policiais sobre o suposto desvio de drogas do Denarc.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.