Prisão de mulheres cresce quase 30% em SP

Em três semanas, cinco gangues femininas foram identificadas e dois grupos, detidos; a maioria das condenações envolve tráfico de drogas

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Por Camilla Haddad e JORNAL DA TARDE
Atualização:

A participação de mulheres no crime tem aumentado em São Paulo. Dados da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) revelam que o ano de 2011 registrou um aumento de 29% na entrada de detentas no sistema prisional, em relação a 2010. Foram 7.609, ante 5.894. Nas últimas três semanas, cinco gangues formadas por mulheres foram identificadas pela polícia e dois grupos foram detidos.Ainda de acordo com os dados da SAP, a população feminina no sistema carcerário - cálculo que leva em conta o número de mulheres que entraram na prisão menos as que saíram - cresceu 15,2% no ano passado em relação a 2010 (de 8.378 detentas para 9.657). Proporcionalmente, o crescimento entre os homens foi menor (5,8%), de 155.210 para 164.33.Segundo o balanço da SAP, as principais condenações das mulheres são por tráfico (2.142 casos), roubo (433), associação ao tráfico (258), furto (191) e homicídio (48). A explicação para o aumento das condenações pode estar ligada à participação cada vez mais efetiva da ala feminina na sociedade. "A mulher vem cometendo mais crimes porque está agindo mais como protagonista em todas as áreas. Se você observar uma pessoa que é só dona de casa, a oportunidade de estar inserida em um contexto de criminalidade é quase nenhuma", diz Ana Paula Zomer, presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e procuradora-geral do Estado.Há situações, principalmente envolvendo drogas, em que a mulher aparece em um cenário ligado ao marido ou namorado. "Normalmente é levando droga para dentro do presídio para o companheiro", explica Ana Paula. Quando isso ocorre, o desfecho é duplamente negativo para a presa.A procuradora lembra que são raros os casos de companheiros que mantêm o relacionamento quando a mulher está no cárcere.Exemplos. Em 23 de março, a ação de uma gangue feminina chamou a atenção da polícia. Três mulheres entraram em uma loja no Tatuapé, zona leste, e furtaram 18 perfumes sem serem flagradas. Fugiram com os produtos dentro das calças. Imagens do circuito interno foram entregues pelo dono do estabelecimento à polícia. As suspeitas ficaram conhecidas como a "gangue das cheirosas". "Tinham entre 40 e 65 anos. Meu prejuízo foi de R$ 5 mil", conta o proprietário. Outra gangue feminina, que enganava clientes em caixas eletrônicos de banco no Itaim-Bibi, zona sul, foi identificada e detida no dia 1.º. No dia 30 de março, um casal foi carbonizado em casa, em Barueri, na Grande São Paulo. Entre os suspeitos detidos, uma mulher: Silvânia de Araújo Souza.

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