11 de agosto de 2011 | 00h00
Atirar contra um ônibus, mesmo que contra os pneus, é péssima ideia, pois pode deflagrar um tiroteio ou a execução sumária dos reféns por parte dos criminosos, que não saberão contra quem estão sendo efetuados os disparos iniciais e podem tomar represálias. Os problemas na ação são a falta de preparo dos policiais e a doutrina militarizada de confronto. A prioridade estabelecida é a derrota dos "inimigos", antes da proteção aos cidadãos.
Infelizmente, setores das polícias e da população do Rio provavelmente teriam reagido negativamente se os policiais tivessem facilitado a fuga dos suspeitos para evitar que eles tomassem reféns. Na visão militar, isso teria sido considerado como "fraqueza" ou "omissão", quando na verdade era o procedimento correto. Na verdade, o criminoso pode ser perseguido e preso em um outro momento, quando não oferecer resistência.
A prioridade deve ser sempre evitar danos aos possíveis reféns. Nesse sentido, é preciso uma mudança de doutrina que reoriente a intervenção da polícia para que ela esqueça a "guerra" contra o crime e reoriente suas prioridades para a pacificação e a proteção dos cidadãos. Os próprios policiais também terão o seu risco diminuído nesse novo cenário.
É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO (UERJ) E INTEGRA O LABORATÓRIO DE ANÁLISE DA VIOLÊNCIA
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