SÃO PAULO - Com 90 pessoas hospedadas o primeiro de Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (Crai) começou a funcionar na última sexta-feira, 29, em um casarão reformado na Bela Vista, região central. Alguns quartos do prédio ainda estão em reforma mas até o final da semana a Prefeitura pretende disponibilizar cerca de 30 vagas a mais, aumentando a capacidade para 120 lugares.
Segundo Luciana Temer, secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, o tempo máximo de permanência no abrigo será de dois meses. "Esse tempo é um prazo otimista. Se nesses dias não houver como o imigrante poder sair, vamos continuar o trabalho com eles dentro do equipamento", afirmou.
"Estamos trabalhando com a ideia do recém chegado, que precisa tirar a documentação e se situar em São Paulo, até conseguir todos ou documentos", explicou Luciana. Quando o imigrante estiver a vontade com o país, com emprego formal e seguro para deixar o abrigo, ele deverá sair do Crai.
No entanto, os imigrantes que quiserem se hospedar no abrigo não podem simplesmente bater na porta do local para conseguir uma cama e um prato de comida. Antes a secretaria precisa fazer um encaminhamento de acordo com a vulnerabilidade do imigrante. Luciana afirmou que isso será feito pelas unidades do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e pela Missão Paz, no Glicério, também na região central.
A igreja foi o lugar procurado pelos haitianos que começaram a chegar em São Paulo no final de abril. A missão sempre foi referência para os imigrantes que chegam em São Paulo. Os haitianos que estavam no Acre foram enviados para a capital em ônibus pagos pelo governo sem aviso prévio para que a Prefeitura e a própria Missão Paz pudessem se organizar.
Na época, o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, classificou a ação do governo acreano como de "despejo" de haitianos. A Missão Paz chegou a abrigar pelo menos 1 mil imigrantes. Para dar melhores condições para a igreja e os haitianos, a Prefeitura alugou emergencialmente um galpão no Glicério.
Referência. Até o final do mês o centro novo também terá outras funcionalidades. A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania está finalizado a contratação de equipes que irão oferecer orientações jurídicas e psicológicas para os imigrantes no centro de referência que irá funcionar no mesmo prédio.
No entanto, hoje o local já tem cerca de 20 funcionários do convênio que secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social assinou com o Serviço Francisco de Solidariedade (Sefras). Alguns deles falam cinco quatro: francês, inglês, espanhol e alemão.
Nesta segunda-feira, 1º, o Estado esteve no local. Apesar da reforma para liberar os outros 30 lugares, os imigrantes vivem com conforto, com alimentação e chuveiros. De acordo com o frei Bryan Filipe, imigrantes da mesma nacionalidade estão ficando em quartos separados. "É para facilitar a integração de quem está na casa e não criar grupo e panelas", explicou. Durante o dia os quartos ficam trancados. Os imigrantes não tem hora específica para voltar ao alojamento mas precisam informar que horas saem do trabalho.