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Presos PMs suspeitos de planejar morte de comandantes no AM

Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram como 7 PMs planejavam a morte dos próprios comandantes

Por Solange Spigliatti
Atualização:

A Corregedoria da Polícia Militar do Amazonas prendeu, na segunda-feira, 18, sete policiais militares da Força Especial Comunitária (FEC) suspeitos de planejar a morte dos próprios comandantes. Escutas telefônicas flagraram um soldado combinando uma execução. "Basta ter um com moto e colocar duas máquinas (armas) na minha mão. Meu irmão, esses 'cabocos' saindo da casa deles, eu apago todos os dois", disse. Em outra ligação, o mesmo soldado acerta os detalhes da ação com um colega. "Meu irmão é o seguinte: liga para o C., dá um jeito de vir amanhã aqui tu e ele para gente armar o negócio (sic)", diz um dos envolvidos. A escopeta que seria usada no crime foi encontrada na casa de um soldado. As vítimas, segundo a Secretaria de Inteligência, seriam dois comandantes. Segundo o secretário de Inteligência do governo estadual, Tomás Vasconcellos Dias, as investigação da operação batizada de Malhadeira continuam. "A idéia é resgatar a confiabilidade da população na polícia. Quem quer ser bandido e está de farda vai ser obrigado a fazer igual ao filme (Tropa de Elite): pedir para sair", afirmou. Em entrevista ao Jornal Hoje, da TV Globo, o secretário afirma que a ação dos policiais "não foi um momento de ímpeto ou raiva. Porque um deles pergunta se o outro está determinado, e ele responde que sim. E pergunta se outras pessoas colaborariam com eles. E todos afirmam que sim", diz. As gravações foram feitas com autorização da Justiça. Os homens detidos já estavam sendo investigados por denúncias de extorsão. Segundo o Serviço de Inteligência, com as mortes dos comandantes, o grupo queria atrapalhar o trabalho da Corregedoria da Polícia Militar, além de se vingar dos superiores. "Se eles investiam contra a própria polícia, imagine o que eles não faziam com civis", disse o comandante da Polícia Militar no Amazonas, Dam Câmara. Prisões No fim da tarde da segunda-feira, 18, tiveram as prisões decretadas pelo juiz auditor militar Alcides Carvalho Vieira Filho os sargentos Enilson Bonete de Oliveira, há 14 anos na corporação, e Hilton Valente, há 15 anos na PM, o cabo Francisco Carlos Costa da Silva, há dois anos na corporação, e os soldados Alexandre Batista de Oliveira, Vilson dos Santos Oliveira, Robson de Souza Nunes e Leandro Garcia Coelho. Para as prisões no sábado, 16, segundo Dias, o terceiro sargento Valente e o soldado Nunes foram encaminhados pelo comandante da FEC, major Gonzaga, para a Corregedoria-Geral da PM, suspeitos de extorsão. "A morte do major Gonzaga e do capitão Mathias já vinha sendo tramada há algum tempo, mas a intenção deles ficou ainda mais clara depois que os dois policiais foram apresentados à Corregedoria pelo major Gonzaga", disse o secretário Escutas telefônicas Segundo a PM, entre os dias 16 e 17 deste mês, o soldado Oliveira teria feito sete ligações para os soldados Coelho e Nunes para arquitetar os assassinatos. Numa ligação no dia 16, o soldado Nunes se refere ao comandante e ao subcomandante da FEC como "fuleiros" e diz que "vai passar amanhã (dia 17) para pegar os ferros (armas) e o chip (munição)". Na mesma ligação, o soldado Coelho diz que já está com a escopeta, que seria usada nos crimes, e que bastaria "arrumar um 'caboco doido' bom de moto e duas máquinas (armas) que, quando o major e o capitão saírem das casas deles, ele 'apaga' (mata) os dois". De acordo com a PM, após a apresentação do sargento Valente e do soldado Nunes à Corregedoria, o grupo de PMs voltou a se organizar e passou a ameaçar outros policiais da corporação, que estão trabalhando em investigações paralelas de corrupção dentro da Polícia, na operação Malhadeira. A arma que seria usada no crime, uma escopeta, teria sido encontrada na casa do soldado Coelho. Nenhum dos policiais, segundo a PM, respondia a processos nas justiças comum ou militar.

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