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Preso desde março, coronel tenta delação e acusa 18 oficiais da PM e um deputado

José Afonso Adriano Filho afirma querer entregar coronéis e um deputado estadual que teriam participado junto com ele de um esquema que desviou milhões da corporação entre 2005 e 2012

Foto do author Marco Antônio Carvalho
Por Marco Antônio Carvalho
Atualização:
O tenente-coronel José Afonso Adriano Filho está preso desde março no Presídio Militar Romão Gomes Foto: Werther Santana/AE

O tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, preso desde março no Presídio Militar Romão Gomes, negocia com o Ministério Público Estadual de São Paulo uma delação premiada. Ele afirma querer entregar 18 coronéis da Polícia Militar e um deputado estadual que teriam participado junto com ele de um esquema que desviou milhões da corporação entre 2005 e 2012. O caso veio à tona nesta quinta-feira, 21, após divulgação pelo site El País de uma carta que teria sido escrita por Adriano Filho, em que ele levanta suspeitas contra os colegas oficiais.

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O policial foi preso preventivamente pela Corregedoria da PM em 9 de março sob acusação de liderar um esquema de desvios de verba da corporação em que o prejuízo teria chegado aos R$ 7 milhões. Na época, as suspeitas contra Adriano Filho eram apuradas por meio de 21 inquéritos policiais militares, que investigavam as suspeitas sobre licitações.

Nesta quinta, surgiram outras informações sobre o suposto esquema. O El País revelou que o tenente-coronel descreve em 15 páginas que o esquema teria a participação de mais de uma dezena de oficiais, da ativa e da reserva, e lança questões a serem feitas pelas autoridades contra os suspeitos. No documento, apresentado à Corregedoria pelo próprio Adriano Filho, não há provas diretas de quem teria cometido os crimes listados e como isso teria ocorrido. Em vez disso, o oficial escreve questões que poderiam levar a obtenção de provas do suposto esquema.

Segundo a publicação, na carta, ele diz que até "depósitos bancários foram efetuados em dezenas de vezes, para atender a demanda desses oficiais, em épocas distintas, para diversos fins", mas reclama do que chama de “total parcialidade” da Corregedoria da PM ao não investigar oficiais graduados.

O envio da carta, que ocorreu há cerca de três meses, fez com que a Corregedoria o convocasse para o novo depoimento, em que ele repetiu o conteúdo da mensagem. Os investigadores entenderam, então, que Adriano Filho já se preparava para uma tentativa de delação premiada. Parte das suspeitas são julgadas pelo Tribunal de Justiça Militar e ele responde também a um processo por improbidade administrativa que corre na 1ª Vara da Fazenda Pública da capital.

Em nota, o Ministério Público confirmou que Adriano Filho manifestou interesse em fazer um acordo de delação premiada. “No momento, as informações estão sob análise, não cabendo ao MPSP tecer qualquer tipo de consideração sobre tais tratativas”. Ao Estado, o seu advogado, Luiz Antônio Nunes Filho, reforçou a intenção do seu cliente em colaborar com as investigações, dizendo que “não é pouca coisa” o que ele tem, mas não detalhou o conteúdo que está em negociação.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que o caso é investigado por meio de inquérito policial-militar, que “está em segredo de Justiça por determinação do Poder Judiciário, não sendo possível, por esse motivo, o detalhamento da investigação”. “A Secretaria da Segurança Pública não compactua com qualquer desvio de conduta e ressalta que todas as denúncias contra policiais, civis ou militares, são rigorosamente investigadas pelas respectivas Corregedorias. Se comprovadas as irregularidades apontadas, os responsáveis podem ser penalizados civil e criminalmente.”

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