Como toda regra tem sua exceção, também há decorações em São Paulo onde o Menino Jesus resiste firmemente como personagem principal. Uma das principais fica no Conjunto Nacional, na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Lá, no meio do centro comercial, bonecos de cerca de 50 cm de altura reproduzem a representação clássica da Natividade com pastores, camelos, reis magos, manjedoura e tudo a que um presépio tradicional tem direito.A tradição de montar um presépio a cada Natal no Conjunto Nacional começou há dez anos. Desde então, foram exibidas montagens diferentes, como um exemplar de personagens negros e outros feitos totalmente com materiais recicláveis. O deste ano é o maior já feito: bonecos têm cerca de metade do tamanho real e crianças podem brincar no meio da decoração. As menores conseguem até montar nos camelos e bois da exposição.A resistência do presépio na decoração natalina de um centro comercial em plena Paulista deve muito à síndica do conjunto, Vilma Peramezza. "A decoração natalina no Brasil não tem lógica. Boneco de neve com cachecol xadrez não tem nada a ver com a nossa realidade. Ninguém mais lembra do motivo de se comemorar o Natal, porque virou a festa das compras, do Papai Noel, dos presentes", afirma.Para ela, representar a cena da Natividade com os bonecos não é algo que deve ofender quem professa outras religiões. "Outro dia havia aqui um casal de americanos mórmons que adoraram o presépio, tiraram muitas fotos. Se você tem um pouco de sensibilidade, não fica nesse radicalismo besta." Ela também atribui a estratégia ao fomento do emprego local. "Essas grandes decorações de Papai Noel são importadas. Já a nossa é feita por uma cooperativa e dá trabalho para mais de cem pessoas durante o ano."